O conhecimento transforma a maneira como se compreende o mundo. Com essa frase, Nildo da Silva Souza, 38 anos, especialista em Agroecologia pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), define a importância do Programa em sua vida. Morador do assentamento Limoeiro, no município baiano de Igrapiúna, no Território de Identidade Baixo Sul, Souza está entre os 22,1 mil assentados e filhos de assentados na Bahia que tiveram a vida transformada pelo programa educacional que completa 18 anos neste mês de abril.
Da alfabetização, aos 12 anos, em uma escola municipal de Igrapiúna, o assentado foi alçando voos mais altos com a ajuda do Pronera. Pelo Programa, fez curso técnico em Agropecuária, entre 2001 a 2004, no Colégio Agrícola Vidal de Negreiros, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Mais tarde, entre 2008 e 2013, a política pública também possibilitou a ele cursar Engenharia Agronômica, com ênfase em Agroecologia, e, em 2015, obter o título de especialista em Agroecologia.
Segundo enfatiza, nunca teria alcançado a formação sem o Pronera e a mobilização dos movimentos sociais do campo. Ele acredita que, para alguém que vive no meio rural, o Programa permite a oportunidade de mudar não só profissionalmente, mas o modo de pensar o mundo e o meio agrário. “Quando criança, não imaginava conquistar tanto. À medida que estudava, ampliava a noção da realidade rural e a vontade de ter mais conhecimento”, revela Souza, que atualmente trabalha como técnico extensionista em assentamentos da região e almeja conquistar uma vaga para cursar mestrado por meio do Pronera.
Realizações
Em quase duas décadas de existência, o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária garantiu acesso à educação formal a 185,2 mil pessoas em todo o país. Foram 470 cursos (desde alfabetização a pós-graduação) realizados por meio de parcerias com mais de 90 instituições de ensino em 913 municípios brasileiros. Na Bahia, o Programa viabilizou o ensino fundamental, pela Educação de Jovens e Adultos (EJA), a 20,8 mil estudantes. Outros 818 concluíram cursos técnicos.
O ensino superior graduou 424 trabalhadores e trabalhadoras rurais e 50 se especializaram. As formações ocorreram em parceria com universidades estaduais e federais. Estão em andamento no estado as graduações em Direito, com 90 vagas, e de tecnólogo em Agroecologia, que atende a 100 estudantes, além do curso técnico em Agropecuária para 120 alunos.