Com a operação Orobó, que investiga a lavagem do dinheiro proveniente de um esquema escuso com recursos do Fundo de Manutenção da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação (Fundeb), a Polícia Federal (PF) não só indiciou o prefeito do município de Ruy Barbosa, na Chapada Diamantina, José Bonifácio Dourado (PT), como investiga mais de 20 prefeituras que estariam ligadas ao crime e um deputado estadual,cuja identidade não foi revelada. o esquema criminoso de desvio de recursos públicos foi desarticulado, mostrando mais de R$ 6,6 milhões desviados dos cofres públicos da cidade de Ruy Barbosa.
Em entrevista coletiva, o delegado da Delegacia de Combate à Corrupção e Crimes Financeiros da PF, Fernando Berbert, afirmou que “a operação pôde ser desdobrada em outras cidades, que continuam sendo investigadas”. “Os prefeitos envolvidos já foram indiciados por desvio de verba pública, mas neste desdobramento, investigamos a lavagem de dinheiro”, explica o delegado.
Segundo a PF, a operação contou com cerca de 30 policiais e já existem suspeitas de que o dinheiro desviado era lavado, com aquisição de imóveis, veículos e outros bens de luxo, além de investimento no agronegócio. Entre os principais investigados de hoje estão dois advogados contratados por integrantes do esquema para tentar atrapalhar o andamento das investigações.
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Eles alegavam ter influência dentro da Polícia Federal para fazer a troca de delegados, o que a PF nega e diz combater. O órgão informou que os advogados agiam fora dos limites da profissão e não tiveram a prisão solicitada por não oferecer risco às apurações, mas que eles podem ser ouvidos futuramente.
Os mandados foram expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região e as investigações mostram, por meio da quebra de sigilos bancário e telefônico e apreensão de documentos, que os envolvidos teriam fraudado contrato com uma empresa de desenvolvimento de programa de computador, por meio de licitação, encerrada em 2015, para fornecer serviços à área de educação dos municípios.
Segundo consta, havia um programa de gestão acadêmica desenvolvido pela empresa que participava das licitações fraudulentas investigadas pela Operação Orobó que consistia apenas em uma apresentação no formato semelhante ao software de apresentações de slide Prezi, com uma licença de uso com custo de cerca de R$ 3 mil, mas era comercializado, nos certames, a um preço muito superior.
“É um programinha básico. Tipo um Power Point interativo. Você prepara a pergunta e a pessoa pode ir lá responder e ele dá uma resposta. Ele criou um sistema de áudio digital interativo, mas o principal era que esse software, que ele chamava de sistema de gestão integrada acadêmica, não funcionava, porque não tinha como funcionar”, relata o delegado Berbert, em menção a um ex-prefeito que atuava como intermediário na “venda” do software para as prefeituras.
De acordo com Berbert, a investigação descobriu que os outros municípios investigados comprovadamente compraram o serviço. Um servidor de baixo escalão ligado à Presidência da República também participava do esquema, enviando um fax para os prefeitos, parabenizando-os pela aquisição. Jornal da Chapada com informações da Agência Brasil e do Bahia Notícias.
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