Uma estudante de 22 anos de Brasília, militante do PSC, partido do deputado federal por São Paulo Pastor Marcos Feliciano, o acusou de assédio sexual, agressão grave e tentativa de estupro ao repórter da Coluna Blogosfera do UOL. A garota entregou ao jornalista o que considera provas das acusações graves. São várias mensagens de texto trocadas pelos dois através de celular.
Acompanhado do advogado da Coluna, o repórter se encontrou com ela numa cafeteria no Sudoeste, na semana passada, e ouviu o seguinte relato abaixo. O jornalista E.B., que veio de São Paulo para orientá-la, foi testemunha: Youtuber e famosa na internet (tinha uma página no Facebook com mais de 200 mil seguidores, segundo conta, e que misteriosamente foi ‘derrubada’ do ar), cristã e frequentadora da mesma igreja de Feliciano, ela viu o deputado-pastor se aproximar muito intimamente nos últimos meses. Passaram a ser amigos quando ele propôs ser seu guia espiritual.
O episódio da agressão ocorreu, segundo a jovem, no apartamento funcional dele, na quadra 302 Norte na capital federal. Era manhã da quarta-feira, dia 15 de junho, quando uma desconhecida tocou insistentemente a campainha da sala até ser atendida pelo inquilino, esbaforido e tenso. A estranha disse que ouvira gritos e perguntou se estava tudo bem; ele acenou que sim, e ela errara a porta. O engano, porém, foi pertinente. A vítima relata que era agredida, gritava por socorro e se salvou de sexo à força. O agressor era, segundo ela, o deputado federal, pastor evangélico e propagandeado como um dos bastiões da moralidade familiar. “Você está gritando muito! Vai embora!”, teria dito Feliciano.
Até o som da campainha, Feliciano a agredira com um soco na boca e puxões pelo braço para sua suíte, relata a jovem. Após ver negada a proposta de ela ser sua amante com alto salário e cargo comissionado no PSC, ele passou a agredi-la fisicamente. Tentou beijá-la após o soco, os lábios sangravam. Deixou-se arrastar para o quarto dele, segundo narra, com o medo de a situação piorar e por temer por sua vida, mas continuou lutando por sua dignidade, até a desconhecida aparecer na porta errada. “Ele estava diferente, com os olhos vermelhos. Ele queria que eu terminasse com meu namorado e ficasse com ele”, explica a jovem.
Registros de bate-papo
Poderia ser invenção de uma garota que tenta fama na internet com o caso, não fossem as transcrições entregues por ela. Ela o procurou depois, e deu-se a seguinte conversa por um aplicativo de mensagens, em mensagens do celular que são atribuídas ao deputado Feliciano. Num encontro há semanas, segundo ela relata, ele pegou o seu celular à força e apagou todas as mensagens entre eles, mas a jovem conseguiu resgatá-las no ICloud de seu computador. Vale ressaltar que dois funcionários do PSC confirmaram que o número do celular era o pessoal usado pelo pastor-deputado, que trocou de telefone há dias.
Sumiço repentino
Desde que decidiu denunciar o caso a jovem se viu cercada pelas mais diversas pessoas com interesses não muito claros. Ela procurou ajuda com importantes nomes do PSC, os quais a mandaram ‘sumir’, segundo conta. Até o caso chegar à Coluna, através de um amigo ex-professor.
Nos últimos cinco dias, os mais estranhos acontecimentos cercaram o cotidiano da jovem, que relatou que um homem do Rio de Janeiro ligou para ela, ciente da história, se apresentando como agente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e perguntando quem a estava ajudando. Foi desmascarado quando a Coluna consultou a associação de servidores da Agência. Seu número de celular e seu nome, que por ora será preservado, estão nas mãos das autoridades. A menina saiu de Brasília no sábado, e disse que precisava de um tempo, mas há informações de que ela continua assessorada por Biazon, que não deu mais notícias nos telefones que deixou com a Coluna, apesar das tentativas de contato nos últimos dois dias.
A jovem sumiu do radar de sábado até a madrugada desta terça, quando contatou o repórter e disse que estava bem. Ela só retornou às ligações após coincidentemente o repórter procurar o assessor de Marco Feliciano ontem à noite.
A manhã da última terça-feira (2) seria mais uma misteriosa do caso polêmico não fosse a atitude de outro jornalista, que soube primeiro do episódio. Ciente de que ela sumira de Brasília, com o intuito de ajudar, segundo relata, e preservar a integridade da garota, seu ex-professor Hugo Studart publicou na sua página no Facebook o caso, nomeando Feliciano e citando as iniciais da garota.
A jovem enfim resolveu aparecer diante da polêmica. Vale lembrar que o professor em nenhum momento cita seu nome, embora revele a polêmica e nomeie o deputado. Mas para a surpresa de todos os envolvidos na história, ela gravou um vídeo de poucos segundos elogiando Feliciano e chamando o professor de mentiroso. Confrontada pela Coluna diante de todo o histórico de mensagens trocadas com o repórter, e de testemunhas no encontro no café, e das evidências de provas passadas por ela à Coluna, a garota retirou o vídeo do ar.
Direito de resposta
Na terça a Coluna entrou em contato com Talma Bauer, delegado civil licenciado de São Paulo e assessor de Feliciano. Ele disse que não conhece a garota, e que não havia agenda disponível no dia para conversa com o repórter sobre o caso. Avisado por e-mail para uma posição oficial do parlamentar, não respondeu a mensagem enviada. Às 20h30 enviou uma nota oficial:
“Informo que desconheço tais acusações e as referidas mensagens postadas. Conheço a jovem por meio de sua participação no PSC, é uma grande lutadora contra o aborto e a favor das causas sociais. A conheço da mesma forma que conheço tantos outros jovens ao meu redor”.
Segue a nota do assessor de Feliciano: “Tenho uma honra ilibada e tais acusações são descabidas. Respeito minha família, o povo brasileiro e principalmente minha fé! E peço que assim o façam! Assim eu encerro tal assunto, deixando nas mãos das autoridades”. (Detalhe: a jovem relatou à coluna que se encontrou com Bauer durante uma hora numa lanchonete em Brasília).
Há informações de que a garota tenta, agora, explicar sua versão para jornais e revistas. Por se tratar de um episódio grave envolvendo uma jovem e um conhecido parlamentar, muito votado, e com história ainda mal explicada, cabe às autoridades policiais tomarem a frente da situação para esclarecer à população. As informações são da Coluna Esplanada Blogosfera Uol.