Apesar de reduzir o número de candidatos a prefeito também na Bahia (seguindo tendência nacional) nas eleições deste ano em comparação com o pleito de 2012, o PT não chega enfraquecido às urnas na avaliação do presidente do diretório do partido na Bahia, Everaldo Anunciação. O partido teve 206 candidatos em 2012, e neste ano o número caiu para 132, cerca de 36%. Em entrevista à Tribuna, contudo, Everaldo minimiza o declínio e rejeita tese de que o PT tenha particularmente sua imagem arranhada por causa dos escândalos de corrupção que assolam o país e que se tornaram públicos com o decorrer da Operação Lava Jato.
O PT terá “aproximadamente 130 candidatos” a prefeito nas 417 cidades baianas, número “um pouco menor em comparação com 2012”, segundo Everaldo Anunciação. Ao contrário das investidas de que o partido chega fraco às urnas, o dirigente afirma que a estratégia nestas eleições “é ter presença maciça (de candidatos) nas cidades que têm maior número de eleitores em todo o estado”. Ainda desconstruindo os ataques dos opositores, Everaldo Anunciação lembra a boa aceitação que tem o ex-presidente Lula na Bahia e em todos os demais estados da região Nordeste, inclusive liderando todas as pesquisas de intenção de voto para 2018, com pontuação superior a todos os possíveis adversários no 1º turno da disputa presidencial.
O presidente do PT baiano admite “um pequeno enfraquecimento” nas regiões Sul e Sudeste do país, mas volta a minimizar os impactos do desgaste da legenda na Bahia, e destaca a “boa avaliação do governador Rui Costa” como ponto positivo para os candidatos às prefeituras. “Observe que com tudo o que está acontecendo aí, o ambiente na Bahia é bom para nosso partido. Veja que o presidente Lula chega a ter no Nordeste 72% das intenções de voto para 2018. E temos ainda a boa gestão do governador Rui Costa, o que sem dúvida vai ajudar os candidatos do PT e dos partidos aliados”.
Everaldo Anunciação pondera ainda que a rejeição popular “não é especificamente ao PT, mas à classe política em geral”, e cita Salvador como exemplo de cidade onde o partido abriu mão de lançar candidato para apoiar “candidaturas legítimas” dentro das siglas que dão apoio ao governo do Estado. “O PCdoB tem muita legitimidade para encabeçar uma chapa com apoio do PT”, diz Everaldo, lembrando que a candidata neste ano, deputada federal Alice Portugal, já foi candidata a vice-prefeita do PT.
Menor número em 20 anos
Dados preliminares da Direção Nacional do PT já detectam que o partido terá 1.135 candidatos a prefeito nas eleições de outubro próximo, número que representa redução de 35,5% em relação aos 1.759 candidatos que a legenda lançou no pleito de 2012. É o menor número de candidatos em uma disputa municipal nos últimos 20 anos, quando disputou 1.077 prefeituras em 1996. Dirigentes do PT avaliam que a redução reflete as turbulências pelas quais tem passado o partido com figurões citados e investigados em escândalos de corrupção. “É a crise”, diz o vice-presidente nacional da legenda, deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP).
A queda ocorre em todas as regiões do Brasil, de acordo com os dados do próprio partido (o Brasil tem 5.750 cidades). O único estado onde o número de candidaturas aumentou é o Piauí, governado por Wellington Dias (PT), com 70 nomes em disputa neste ano contra 49 na disputa de 2012. Segundo o secretário nacional de Organização do PT, Florisvaldo Souza, o número vai aumentar até o término do prazo para registro de candidaturas, dia 15 deste mês, mas certamente ficará abaixo do registrado nas últimas eleições municipais. Matéria extraída da Tribuna da Bahia.