Após o impeachment de Dilma Rousseff e a posse de Michel Temer, um grupo de manifestantes tomou as ruas de Salvador, na noite da quarta-feira (31), protestando contra o impedimento da ex-presidenta. Em faixas e cartazes, os manifestantes disseram “Não” ao que chamaram de “golpe” e negaram se sentir representados por Michel Temer. Eles prestaram apoio a Dilma Rousseff em palavras de ordem, músicas e, também, em cartazes e faixas. “Eu luto desde a ditadura militar. Lutei contra a tortura, lutei por um governo democrático. Continuo lutando contra um golpe, um golpe civil”, disse, emocionada, a professora aposentada, Raimunda Viana, de 63 anos. A manifestação ocorreu, inicialmente, em frente a um shopping da cidade, local onde decidiram seguir em passeata pelas ruas da capital baiana. O organizador do ato, Alex Hercog, diz que pensou no ato nesta quarta.
Para ele, que é graduado em comunicação, a cassação de Dilma “teve apoio da mídia e de alguns veículos de comunicação”. “Não era possível que num dia histórico como esse, as pessoas acompanhassem de casa sem fazer nada. Então a ideia de provocar isso [o ato] nas redes sociais, era atrair essas pessoas que comungavam esse mesmo sentimento de que não é possível a gente ver um golpe de estado e ficar em casa”, disse o militante. “A gente sabe que não vai reverter nada com esse ato, mas, da mesma forma que a história vai marcar esse dia como um dia importante de golpe. É importante que, quem é contra isso, também marque presença e, pelo menos no futuro, a gente diga onde estava em 2016, defendendo a democracia”.
Acompanhados pela Polícia Militar da Bahia, que informou haver cerca de 200 pessoas participando da manifestação, os participantes seguiram pela Avenida Tancredo Neves, bloqueando todas as faixas, o que gerou congestionamento nas proximidades, nos bairros Caminho das Árvores e Pituba. A funcionária pública, Tainá Morais, disse ter ficado surpresa com a quantidade de gente no ato, mesmo com pouco tempo de convocação. Ela disse que não reconhece o atual presidente. “Foi um golpe, que foi desmascarado pela defesa [de Dilma] e esse golpe foi na gente. Dilma é a minha presidenta, sem dúvida, porque eu não reconheço Temer [como presidente], não reconheço”. O grupo se dispersou por volta das 21h, em frente ao prédio da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), no bairro do Costa Azul. Da Agência Brasil.