Por Magda Asenete*
Atualmente, tenho sentido um desconforto muito grande com a relação entre as famílias e as escolas, independentes de serem privadas ou não. O descompromisso com a continuidade escolar do filho é preocupante e deve ser motivo de alerta e investigação. Cada vez mais, e constante, alunos são matriculados em escolas e não completam o ano letivo, por decisão do pai ou da mãe. O problema está no motivo. Alguns fazem essa escolha depois de ter um probleminha aqui ou uma dificuldade ali. Então, fazem trocas desnecessárias e com regularidade. Às vezes por um aborrecimento ou uma falta de diálogo com a instituição. A consequência? O filho não consegue criar vínculo com métodos de aprendizagem nem um vínculo social. Parece uma bola de pingue-pongue, ora está aqui ora ali.
Quais os critérios corretos para a escolha de uma instituição de ensino? Que tipo de aprendizagem deve ser destinado? Essa deveria ser a intenção familiar. Porém, quando os pais entram nas escolas estão interessados em baixos valores e em suprir necessidades emocionais pessoais. Escola não é comércio. A criança é matriculada num turno. Então, a família resolve que o outro é melhor e solicita a troca. Muitas vezes o motivo da solicitação é banal. Poderia ser resolvido com um pouco de compreensão quanto ao universo infantil. Imagine um aluno que foi matriculado em uma escola. Quando ele chega, necessita ser acolhido e apresentado ao novo que passa a ser um aliado. Precisa se socializar, ser aceito pelo grupo que está inserido e seus professores e, automaticamente, aceitá-los.
Em seguida, identifica-se e compreende o conteúdo escolar. O tempo passa. O aluno alcança os objetivos relacionados à aprendizagem e ao convívio e segue seu caminho para alcançar as metas estabelecidas. Num dado momento, alguém decide por ele que é necessário realizar mudanças na rotina. Porém, a decisão, às vezes, é tomada por motivos banais, insignificantes, priorizando os desejos dos pais, sem pensar nas dificuldades que com certeza surgirão para a criança. O papel da escola, quando informada da decisão familiar deve ser sempre de orientar quantos aos riscos que poderão surgir. Essa quebra de rotina é muito dolorosa e causa muitas dificuldades. O aluno que ora estava socializado e aprendendo, torna-se inseguro, talvez apresente dificuldades de aprendizagem, passe a ter baixa autoestima.
Muda o material didático, mudam as pessoas, mudam os relacionamentos, muda a didática docente. O chão se abre e teremos, talvez, uma criança desencadeando sérias patologias. Atualmente percebe-se alunos muito solitários, fora do ambiente escolar e que acaba levando suas frustrações para a escola e sendo resgatado, quando possível pelos profissionais que com ele se relacionam. Sem resgate, o caminho é direcionado para brigas, bullying, doenças emocionais, drogas, vícios, suicídio, depressão entre outros fatores que podem ser sem volta. É necessário, e de maneira urgente, um novo olhar da família em relação ao desenvolvimento da criança e do adolescente. Não é a criança que tem que chegar ao nível do adulto, mas o adulto deve penetrar no mundo infantil e criar meios para um desenvolvimento saudável e promissor.
*Magda Asenete é pedagoga da In Company Assessoria e Treinamento