Durante os 45 dias de campanha em Salvador, não faltaram alfinetadas entre os aliados e o prefeito ACM Neto (DEM) e o grupo da base do governador Rui Costa (PT). O triunfo do democrata com quase 74% dos votos, deixando Alice Portugal (PCdoB) em segundo, confirmou as expectativas das pesquisas de boca de urna, e também de grande parte dos parlamentares baianos. Para o senador Otto Alencar (PSD), faltou ao governo do estado preparar um nome com maior apelo popular para debater em condições de igualdade com ACM Neto.
“Não há dúvidas de que o desempenho da oposição de Salvador foi bem aquém do que se poderia esperar todos que conhecem bem a política de Salvador, embora o prefeito seja bem avaliado. O quadro refletiu esse momento, mas não significa dizer que o governo ou governador estão fragilizados politicamente na capital. O governador Rui Costa é bem avaliado na capital, só que os candidatos governistas não conseguiram absorver popularidade e reverter em votos. As candidaturas de oposição ao prefeito ACM Neto foram colocadas muito tardiamente, não se preparou nenhum candidato em condições de competir, deveria ter feito isso antes, alguém com militância, com carisma, para conseguir debater com o atual prefeito em condições de igualdade, isso não aconteceu.
A candidata Alice Portugal é uma pessoa correta, direita, uma deputada muito atuante, mas não conseguiu absorver a popularidade do governador”, explicou Otto em conversa com a Tribuna. “O Wagner preparou o Rui. Disse que o Rui era o pai do metrô, das obras, e ele terminou vencendo a governador, enfrentando o ex-governador Paulo Souto e ganhando. Se lá atrás colocasse alguém dos movimentos urbanos, alguém com esse interesse de se destacar em Salvador, e essas obras todas feitas em Salvador pelo governador pudesse ser atribuídas a essa figura, ela teria condições de disputar palmo a palmo com o prefeito”, continuou o senador.
Apesar dos resultados ruins no pleito, Otto não acredita que as coisas estão sendo conduzidas de maneira equivocada pelo governo do estado. Ele lembrou ainda que a nova legislação eleitoral, com o tempo de campanha mais curto, e mudanças nas formas de arrecadação foram fatores que dificuldade durante a corrida ao posto mais alto do Palácio Thomé de Souza.“O governador, com suas atribuições, que são tantas, certamente não se ateve a isso. Pode acontecer. A situação aqui em Salvador foi uma situação que não houve tanto tempo de se debater, a campanha foi muito rápida, o prefeito está bem avaliado e era normal que ele vencesse as eleições. Para quem está com o nome configurado, já é prefeito, está na mídia toda hora, é uma vantagem muito grande”, finalizou. Extraído da Tribuna da Bahia.