Em delação ao Ministério Público Federal (MPF), o vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, detalhou como foi a entrega de dinheiro vivo, durante a campanha de 2014, ao advogado José Yunes, amigo de Temer há 40 anos e que já se autointitulou “psicoterapeuta político” do presidente.
Segundo o vice-presidente, o dinheiro entregue era parte dos R$ 10 milhões que Marcelo Odebrecht resolveu destinar ao PMDB, após um jantar que teve em maio de 2014 com Michel Temer, no Palácio do Jaburu. As informações foram divulgadas pelo jornalista Severino Motta, do Buzzfeed Brasil.
A maior parte do valor foi destinada ao Paulo Skaf, então candidato do PMDB ao governo de São Paulo. O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e um dos principais articuladores do impeachment, ficou com R$ 6 milhões. Os outros R$ 4 milhões foram destinados ao ministro Eliseu Padilha para campanhas do partido.
Os recursos que Melo Filho cita em sua delação não foram depositados em contas partidárias conforme manda a Justiça Eleitoral. Aos investigadores, ele revelou que um dos endereços de entrega do dinheiro teria sido a rua Capitão Francisco, nº 90, em São Paulo. Justamente a sede do escritório José Yunes e Associados.
A relação entre Yunes e Temer foi trazida novamente à tona pelo ex-aliado de Temer, o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB). Das perguntas feitas por Cunha que foram vetadas por Moro, duas miraram diretamente na amizade de Temer e Yunes: 1) “Qual a relação de Vossa Excelência com o Sr. José Yunes?” e 2) “O Sr. José Yunes recebeu alguma contribuição de campanha para alguma eleição de Vossa Excelência ou do PMDB, de forma oficial ou não declarada”. As informações são da Revista Fórum.