Os reservatórios de água que abastecem Salvador estão com seus níveis críticos e como tentativa de prevenir o racionamento, começou a ser implantado um sistema que transpõe as águas de Pedra do Cavalo, no Recôncavo Baiano, para a barragem de Joanes II, em Camaçari, na região metropolitana de Salvador na última quarta-feira (19). O objetivo da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) é aumentar o período de operação da barragem Joanes II, que junto com as barragens Joanes I (Lauro de Freitas) e a Santa Helena (Dias D’Ávila), abastece aproximadamente 40% de Salvador e maior parte da região metropolitana. Pedra do Cavalo também é responsável por mais da metade da água que abastece a capital baiana e região metropolitana.
Apesar da transposição, a situação crítica em que se encontra o manancial não será solucionada definitivamente. Caso este quadro não melhore, Salvador poderá ter racionamento e essa será a primeira vez em 45 anos que a capital baiana vai restringir o fornecimento de água. Conforme a Embasa, a intervenção da quarta-feira foi realizada a partir da adutora de água bruta que liga Pedra do Cavalo à Estação de Tratamento de Água (ETA) Principal, em Candeias, também na região metropolitana. A Embasa explica que a transposição, também chamada de reversão, é a retirada de água de um manancial para outro como forma de equilibrar o sistema. Conforme a empresa, não é um ato inédito, mas a empresa não detalhou quando foi a última vez que isso ocorreu em Pedra do Cavalo.
A medida operacional é usada em diversos sistemas de abastecimento, com o objetivo de que haja integração entre as barragens e maior disponibilidade de água armazenada em cada local. De acordo com a empresa, para transferir água de Pedra do Cavalo à barragem de Joanes II, a Embasa vai reativar uma tubulação, que já estava implantada, na adutora de água bruta, que leva água de Pedra do Cavalo à ETA. A quantidade de água a ser direcionada para Joanes II por meio dessa tubulação dependerá das condições e necessidades do sistema.
Além do serviço de transposição, a Embasa também está fazendo a perfuração progressiva de 14 poços em uma área próxima à ETA, no município de Candeias, com custo estimado em R$ 70 milhões, que devem proporcionar o aumento de mil litros por segundo no volume de água disponível para o sistema. Outras intervenções no sistema de abastecimento da capital são executadas também, como o remanejamento de uma adutora na Avenida Bonocô e outras ações de manutenção preventiva em diversos pontos do sistema.
A barragem de Joanes II já havia recebido água em um processo de reversão em março deste ano, assim como está sendo feito com Pedra do Cavalo. Na situação, a água da barragem de Santa Helena foi revertida para Joanes II. O encaminhamento da água de Santa Helena para Joanes II funcionou como um reforço às barragens do Joanes (I e II) em períodos de estiagem. Segundo a Embasa, o processo deu certo, mas ainda assim, a empresa decidiu também reverter a água de Pedra do Cavalo para Joanes II.
A ação tem a finalidade de reforçar a quantidade de água em Joanes II a partir de outro manancial. A Joanes II encaminha água para Joanes I e, para que a água seja aproveitada de forma plena, a barragem precisa estar com bom fluxo. A empresa informou que não é possível fazer um cálculo da quantidade de chuva necessária para a recuperação do reservatório, pois isso depende de outros fatores como intensidade, localização das chuvas, evaporação, entre outros.
Além de Joanes II, outros cinco reservatórios fazem parte sistema integrado de abastecimento de água em Salvador e região. Quando considerado o volume útil, calculado entre o nível máximo e o nível de captação da água, os mananciais apresentam atualmente os seguintes percentuais de armazenamento: Pedra do Cavalo (22,85%), Joanes I (68%), Joanes II (8,08%), Ipitanga I (20,09%), Ipitanga II (30,62%) e Santa Helena (10,65%). Jornal da Chapada com informações do G1BA.