Os incêndios florestais na Chapada Diamantina abalam o turismo que, por sua vez, atinge a economia e a geração de emprego na região, mas também é uma preocupação constante dos brigadistas voluntários e dos bombeiros civis e militares – que arriscam suas vidas para combater o fogo, muito as vezes, de forma gratuita. Essa premissa, defendida pelo presidente dos Combatentes de Incêndios Florestais em Andaraí (Cifa), Homero Vieira, que procurou o Jornal da Chapada para, mais uma vez, questionar os investimentos do governo estadual direcionados para contratação de aeronaves no combate e prevenção ao fogo. Sempre crítico e defensor que a Defesa Civil assuma o comando no enfrentamento aos incêndios, o Velho Urso, como é conhecido na Chapada, diz que já passou do tempo de se ter uma atuação mais ampla e com plano e base de relação e ações imediatas para que as chamas não se alastrem.
“Somos quem faz o primeiro combate e se não temos equipamentos apropriados, o sinistro se espalha rapidamente e os danos são enormes para a fauna e flora da Chapada Diamantina, tanto dentro como fora do Parque Nacional. Neste caso, o Corpo de Bombeiros está para os incêndios florestais, assim como as brigadas estão para os incêndios urbanos. O Estado precisa dar um mínimo de respeito aos nossos heróis, realizando capacitação adequada, instrumentalizando com no mínimo uma aeronave permanente, para que esses profissionais possam desempenhar suas imprescindíveis atividades”, detalha. Homero ainda diz que “ao invés de todos os anos jogar milhões de reais no fogo, o governo deveria investir mais nas brigadas e nos brigadistas. É vergonhoso o descaso do nosso governo para com esses profissionais e com o meio ambiente”.
A respeito dos R$20 milhões anunciados pelo governo do Estado, via Secretaria de Meio Ambiente, o presidente da Cifa foi enfático em dizer que “acabou com o pouco de respeito que tinha pelas instituições”. Considerando o valor irrisório para atuação e os recursos gastos com aeronaves, ele aponta que “são mais de 25 anos de uma política burocrata e irresponsável que quanto mais recursos se gastam mais incêndios florestais aparecem”. Homero considera “bizarro que todos os anos o Estado gaste milhões em aluguel de aviões e aeronaves e o Corpo de Bombeiros não tenha uma para desenvolver suas missões diárias. Este ano, os R$ 20 milhões empenhados pelo governo para aluguel de aeronaves é um atentado contra tudo que é ético, moral, respeitoso e tecnicamente profissional”.
O brigadista também defende que a sociedade se una contra essas iniciativas e que os movimentos sociais passem a questionar como é dividido os recursos e inverta os valores administrativos. Vieira diz que “o cidadão deve cobrar o bom uso de seus impostos e não financiar atitudes irresponsáveis dos seus representantes”. “Se querem resolver de fato, minimizando os impactos devastadores dos incêndios florestais, é preciso apenas seguir três passos: primeiro devolva a gerência dos incêndios florestais para a Defesa Civil; segundo invistam na capacitação e instrumentalização do Corpo de Bombeiros, terceiro instrumentalizem as brigadas voluntárias”, finaliza.