A Escola Che Guevara instalada no assentamento São Sebastião de Utinga, no município de Wagner, na Chapada Diamantina, comemora 22 anos de atividades. O local é referência às famílias que construíram um espaço de estudo e formação política. A luta da escola se soma às diversas experiências construídas no estado da Bahia, que são celebradas no 19º Encontro Estadual dos Educadores e Educadoras do MST, que começou na última quinta-feira (26), em Salvador, com o tema ‘30 anos do MST: por uma educação pública, popular e socialista’. O evento conta com diversos debates e intervenções em sua programação.
História
Em 1995 a escola Che Guevara foi instalada em um espaço improvisado debaixo de um pé de juá, árvore típica da região, e permaneceram quatro meses acampados até receberem o primeiro despejo. Ao recordar esse processo e fazendo um paralelo com as conquistas, Adriana Costa, da direção da escola, fala com orgulho que mais de 200 estudantes do assentamento e de comunidades vizinhas estão matriculados nos turnos matutino e vespertino, atendendo desde a educação infantil do 1º ano ao 5º ano e do 6º ao 9º ano.
Ela conta que o processo de construção da estrutura educativa não foi simples, pois diversos limites eram enfrentados pelas famílias. “A primeira dificuldade foi na garantia da estrutura física já que a única coisa que tínhamos na época era madeira e lona. Mesmo assim, não recuamos e enfrentamos o desafio do estudo”, afirmou Costa.
“Foi na luta que percebemos que nossa tarefa, enquanto educadores, era a de valorizar a nossa cultura camponesa que é forjada na ocupação”, disse a professora. Com o passar do tempo as famílias conseguiram garantir uma melhor estrutura e montar as salas de aula, onde diversas experiências, com foco na cultura e lazer, ajudaram na consolidação de uma metodologia significativa e importante na escolarização da comunidade.
Os assentados falam do processo de construção da escola como um espaço de formação coletividade, que garante oportunidades para que seus filhos possam seguir cultivando a luta e a construção política, pedagógica e social. Na prática, os educadores da escola conseguem vivenciar os princípios da Educação Popular e fazer do espaço conquistado um mecanismo de organização do assentamento em defesa da Reforma Agrária Popular. Jornal da Chapada com informações de assessoria.