Moradores de Lajedinho, na Chapada Diamantina, ainda não viram a reconstrução da cidade após os quatro anos da tragédia que deixou 17 mortos e 600 desabrigados. O canal que corta a cidade não suportou a força das águas da tempestade que caiu em 2013, transbordou e alagou a parte baixa do município, destruindo casas e lojas. Esta semana, o governador Rui Costa (PT) afirmou, em vídeo publicado na internet, que o processo para iniciar as obras para a construção da nova escola estadual em Lajedinho está a caminho.
Na parte mais baixa da cidade, ainda é possível encontrar imóveis em ruínas e espaços vazios onde existiam prédios públicos e uma escola. “A sensação de vazio é muito grande, porque pessoas que a gente conhecia e famílias que foram destruídas, de alunos nossos, que a gente vê a tamanha tristeza”, diz a professora Joseane Pereira. Com a tragédia, a cidade perdeu 10 prédios públicos. O governo federal se comprometeu a mandar recursos para que o Estado fizesse as obras, mas só o prédio da prefeitura e do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) estão praticamente prontos.
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Outros imóveis, onde seriam instaladas secretarias, Conselho Tutelar e farmácia, estão com obras paradas desde junho do ano passado. Ainda não saiu do papel o projeto do canal para escoar água da chuva, para ampliar o córrego que atualmente não suporta o volume de chuvas na cidade. O projeto do canal tem custo de R$ 15 milhões e 1 quilômetro de extensão. “Desde 2014, está aguardando liberação de recursos por parte do governo federal, para que o governo do Estado execute as obras em Lajedinho. Se essa situação não for resolvida com maior agilidade, novos alagamentos tendem a acontecer”, diz o prefeito Marcos Mota.
A Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) disse que depende da liberação da segunda parcela para continuar as obras. “Foi pleiteado junto ao Ministério da Integração a reconstrução de 10 equipamentos públicos em Lajedinho. Foi assinado um termo de compromisso no valor de R$ 4,24 milhões. Foi liberada a primeira parcela, iniciamos a obra e prestamos contas em julho de 2016. A segunda parcela não foi repassada e mesmo assim continuamos a obra e fizemos mais de 50% da segunda parcela e tivemos de paralisar obras há cinco meses, porque os recursos não foram repassados”, explica Luiz Jenkins, superintendente de urbanização da Conder.
Relembre o caos que ficou Lajedinho com a enchente
O Ministério da Integração Nacional disse que, em maio de 2014, liberou R$ 1,6 milhão para as obras na cidade. A pasta afirmou ainda que, em 2015, houve rompimento entre o Estado e uma construtora licitada e é necessário fazer um novo estudo técnico para continuar as obras. Foi entregue apenas um conjunto habitacional com 231 casas construídas com recursos do Ministério das Cidades. Foram 185 famílias que passaram a morar no local em abril deste ano, mas ainda faltam entregar 46 imóveis. Os critérios da ocupação seguem os do governo federal e a prioridade é para quem era dono de casa que foi destruída com a enchente.
O lavrador Gerson Ribeiro perdeu nove parentes na tragédia. “Todos me fazem falta. Meu filho eu amava demais, meus netos também. Minha esposa, a gente viveu 40 anos. Posso viver 100 anos, só se eu caducar para não lembrar mais, mas enquanto minha mente estiver funcionando, não esqueço. Mas graças a Deus a gente vai levando a vida”, lamenta Jornal da Chapada com informações de G1BA.
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