A Família Griô Mamulengos da Chapada encerrou suas atividades de 2017 com apresentações teatrais nas cidades de Seabra e Rio de Contas, ambas na Chapada Diamantina. Em Seabra, o grupo contou com a ilustre presença do grupo de Teatro Mistu Art, no Colégio Municipal e recebeu um público de 60 jovens estudantes. Vitor Darlan, percussionista e técnico de áudio da Família, falou sobre sua experiência com o projeto As Filhas de Oiá, realizado este ano e financiado pelo Fundo de Cultura da Secretaria de Cultura da Bahia, no Edital Setorial de Teatro 2016. A peça foi inspirada no livro homônimo escrito pela autora Lilian Pacheco.
“A caminhada da Família Griô Mamulengo da Chapada em 2017 trouxe um roteiro que é cheio de ancestralidade. Como jovem negro quilombola me toca muito cada cena, cada fala, cada toque no tambor deste espetáculo. Lindo, repleto de identidade e força”, disse Darlan. Para ele, o momento especial foi a participação de Samira Soares, lençoense, referência quando na luta da mulher negra e do feminismo interseccional. “Em Salvador e nas 11 cidades que circulamos na Chapada Diamantina, vi o quão parecido são as histórias das pessoas negras na região e quanto o racismo estrutural está nas comunidades urbanas e rurais”, contou o percussionista.
Já a jovem mamulengueira que se formou com a Família Griô Mamulengo da Chapada, Rose Lane Santos, contou um pouco sobre a importância da peça para ela. “Mesmo com toda a opressão social e cultural, a resistência negra para quebrar padrões persiste”, disse. Ela lembrou de momentos importantes como o agradecimento de uma mãe em Seabra, que carregava duas filhas pequenas, pelo tema abordado no espetáculo: o empoderamento da mulher negra. Rose disse ainda que espera circular toda Bahia com o espetáculo, caso o projeto seja aprovado em mais um edital que está concorrendo.
Jornal da Chapada