O cantor Tico Santa Cruz compartilhou nas redes sociais que teve dificuldade de matricular a filha em uma escola no Rio de Janeiro. A menina, de 9 anos, por ter Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) teve a matrícula negada em uma instituição de ensino. O neuropediatra do Instituto NeuroSaber Dr. Clay Brites explica que o TDAH é um transtorno de desenvolvimento caracterizado por um excesso de déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade resultante de uma má autorregulação no cérebro. O especialista conta que se trata de um transtorno neurobiológico, genético e hereditário.
Ele comenta que quem sofre de TDAH costuma ser desatento, desorganizado, agitado e impaciente. “Os sintomas de impulsividade são normalmente os mais perceptíveis às pessoas que estão ao redor. Já os ligados à desatenção, podem ser percebidos por pais e educadores”. De acordo com Clay, a identificação do TDAH depende de avaliação médica interdisciplinar composta de neuropsiquiatras, neuropediatras e neurologistas. No entanto, é muito importante reforçar o tratamento com uma equipe multiprofissional, como psicólogos, fonoaudiólogos, psicomotricistas, psicopedagogos entre outros.
“O transtorno pode causar dificuldades de socialização, pois a criança quer brincar sem parar um minuto e quer tudo rápido. Briga e se irrita com mais facilidade, pois quer sempre ter razão e comandar. Ela acaba tendo baixo rendimento na escola, especialmente nos processos de aprendizagem da leitura, escrita e matemática”, relata Brites. O neuropediatra comenta que o colégio deve ter uma atenção especial em relação à didática e à dinâmica de sala de aula. É preciso ainda ajudar na organização de seus pertences e rotinas, além de dar apoio durante a aprendizagem da leitura, escrita e matemática.
“Professores precisam estar atentos também para que essa criança não progrida nos anos iniciais com lacunas de conteúdo. É fundamental um suporte mais individualizado e reforço escolar”. “É imprescindível melhorar a didática de forma objetiva, alterar o tom de voz e ensinar de maneira interessante. Tudo para que a criança se sinta recompensada pelo processo de aprendizagem”, reforça o neuropediatra. O profissional explica ainda que o tratamento é medicamentoso, mas precisa passar por uma equipe médica multidisciplinar. “A criança precisa ser avaliada de maneira global e interdisciplinar para que os profissionais vejam se há outras comorbidades e, assim, propor uma intervenção adequada para o devido tratamento”.