A partir da próxima terça-feira (6) a praticidade de se comprar produtos pela internet, ou mandar qualquer encomenda pelos Correios vai custar mais caro. A empresa anunciou um aumento no valor do frete que está deixando consumidores, pequenos empreendedores e até um gigante do e-commerce, como o Mercado Livre (ML), preocupados. Apesar de os Correios anunciarem um aumento médio de 8% nas tarifas, um levantamento do Mercado Livre indica um reajuste bem maior. Segundo o site de vendas, o reajuste médio no país é de 23%, chegando a 51% em determinadas localidades.
Aqui na Bahia, o maior aumento é de 31,49%, no caso do PAC (encomendas simples), que passam de R$ 16,79 para R$ 22,06, em pacotes com até meio quilo. O envio de sedex para cidades do interior, como Porto Seguro e Juazeiro, fica até 24,47%, passando de R$ 36,70 para R$ 45,68, em embalagens entre 300 gramas e meio quilo. O envio para Salvador ficará até 15,88%, passando dos atuais 27,27% para R$ 31,60. O reajuste pegou algumas pessoas de surpresa, apesar de os Correios afirmarem que o mesmo acontece todos os anos.
Em nota, os Correios informaram que o reajuste não é somente para o e-commerce (compra e venda pela internet), mas para os serviços de encomendas de forma geral, e que trata-se de uma revisão anual, prevista em contrato. “A definição dos preços é sempre baseada no aumento dos custos relacionados à prestação dos serviços, que considera gastos com transporte, pagamento de pessoal, aluguéis de imóveis, combustível, contratação de recursos para segurança, entre outros”, diz.
O analista técnico do Sebrae Anderson Teixeira sugere que os empreendedores que trabalham com vendas pela internet busquem alternativas. Ele recomenda a busca de empresas especializadas em logística e que os microempresários avaliem se é mais barato continuar usando o serviço dos Correios ou substituí-lo. “Existem empresas especializadas em entregas, com diversos associados. São empresas que têm logística própria e, por isso, não são afetadas pelo reajuste dos Correios”, afirmou o consultor.
E-commerce em alta
Anderson Teixeira lembra que o segmento de e-commerce está em crescimento na Bahia. Durante a Black Friday, o Nordeste é responsável por 12% das vendas no país. Apesar do aumento, os Correios ressaltam que a parceria com o e-commerce brasileiro é de extrema importância para a empresa, que essa relação permite a micro, pequenas e médias empresas, reduções de preço que chegam a mais de 30% no Sedex e 13% no PAC. Mas o alerta do Mercado Livre, uma das maiores empresas do setor em operação no Brasil, mostra que há grande insatisfação com a operação dos Correios.
Em nota, a empresa questiona: “Se a inflação do último ano foi em torno de 3%, como pode o aumento da taxa de entrega chegar a ser até dezessete vezes maior?”. Segundo o ML, após o aumento, o frete brasileiro se tornará 42% mais caro do que o da Argentina, 160% mais caro do que do México e 282% mais caro do que o da Colômbia – para falar de outros países em que o Mercado Livre opera.
Outra bronca da empresa é com o cancelamento do e-sedex, que permitia a entrega de produtos do e-commerce com prazos mais curtos e a preços mais acessíveis. Para o Mercado Livre, o impacto do aumento anunciado pelos Correios será grande para os consumidores dos grandes centros urbanos, mas ainda maior para os que vivem fora dessas regiões.
Rachar a conta
Outra alternativa apontada pelo analista do Sebrae é que os microempresários firmem parcerias para fazer as entregas. Empresas que atuam no mesmo segmento, como lojas de camisetas, por exemplo, podem contratar a mesma empresa de logística para fazer as entregas e dividir as despesas. “Eles vão continuar sendo concorrentes, vendendo os produtos em suas lojas virtuais, mas a empresa que fará a entrega será a mesma”, explicou.
Ele afirmou que é preciso que os empreendedores ponderem que tipo de serviço precisam antes de fazer a contratação, para calcular as despesas e evitar desperdícios. Um exemplo dado pelo especialista é o seguinte: se os clientes e fornecedores da loja estão na Bahia não há necessidade de contratar serviço de entregas para fora do estado, ou caso os pedidos sejam feitos por pessoas nas capitais do país, não tem porque pagar por entregas internacionais. Jornal da Chapada com informações do Correio 24h.