O governador Rui Costa condenou a decisão do governo federal de fechar a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados na Bahia e em Sergipe (Fafen), eliminando 2 mil postos de trabalho, segundo Rui. A direção da Petrobras alega que os prejuízos verificados em ambas as unidades não justificam seu funcionamento. “Trata-se de uma resolução do governo federal, que segue na contramão dos interesses não apenas da Bahia e de Sergipe, mas de toda a cadeia do Agronegócio do País, na medida em que estará contribuindo para o desmonte do fornecimento dos principais fertilizantes empregados no campo, levando o segmento a tornar-se cada vez mais dependente dos grupos multinacionais com sede no mercado externo e, consequentemente, dos preços cotados na moeda americana”, manifestou-se o governador nas redes sociais.
A Fafen-BA é uma unidade da Petrobras, a primeira fábrica do Polo Petroquímico de Camaçari. Conhecida como a “semente do Polo”, foi a primeira fábrica de ureia do Brasil e teve suas operações iniciadas em 1971. É responsável pela produção de 474 mil toneladas/ano de ureia, 474 mil toneladas/ano de amônia e 60 mil toneladas/ano de gás carbônico, tendo os dois primeiros importância fundamental no desenvolvimento da agricultura e da pecuária no Brasil. Os produtos da fábrica são utilizados como matéria-prima em outras empresas do Polo Petroquímico. A amônia é necessária para a produção da Oxiteno, Acrinor, Proquigel, IPC do Nordeste e PVC; já a ureia é utilizada na Heringer, Fertpar, Yara, Masaic, Cibrafertil, Usiquímica e Adubos Araguaia; o gás carbônico, na Carbonor, IPC e White Martins.
“Não podemos compactuar com essa medida arbitrária que prejudicará diretamente os estados da Bahia e de Sergipe, bem como nossos trabalhadores e, mais diretamente, a produção agrícola, segmento que vem sustentando o PIB Nacional com desempenho crescente, na contramão dos demais segmentos da economia. Vemos nesta atitude da Petrobras mais uma agressão aos interesses do povo brasileiro, que, se confirmada, provocará, a médio prazo, a elevação de preços agrícolas em decorrência da dependência externa na aquisição de fertilizantes”.
Os fertilizantes são insumos essenciais para a produção agrícola, fato que obriga qualquer nação a tratar sua produção como questão de Segurança Nacional. No âmbito estadual, com o fechamento da fábrica, haverá perda de empregos, renda e receita para os municípios da região e para o Estado da Bahia, com potencial dano à toda cadeia produtiva do Polo Petroquímico dependente dos insumos da Fafen.
“É o desmonte da indústria nacional”
Rui prometeu procurar o governador sergipano Jackson Barreto para que juntos possam recorrer da decisão. Ele também convocou a bancada baiana no Legislativo, entre deputados e senadores, para dar voz ao fechamento da indústria. “Vamos nos mobilizar junto à bancada baiana de parlamentares no Congresso Nacional repudiando o posicionamento do Governo Federal em relação ao desmonte das unidades, que afeta diretamente a indústria brasileira. Vou conversar com o governador de Sergipe para reagir contra essa medida inconsequente e irresponsável, que não pensa nos interesses nacionais. São mais de duas mil pessoas que poderão perder o emprego, nos dois estados, e que deixará o segmento do agronegócio exposto aos interesses das multinacionais”.
O petista acusou a gestão do presidente Michel Temer e aliados de perseguir o Nordeste. Rui criticou o governo federal por “desmontar” a Petrobras, a indústria da construção civil e do setor naval. “Não vamos medir esforços para que o fechamento da fábrica seja revertido, pois não permitiremos que a Bahia seja prejudicada, mais uma vez, por conta de ações perpetradas pelo Governo Federal contrárias ao interesse nacional. Vamos nos mobilizar, nós, baianos, junto com a nossa bancada no Congresso Nacional contra essa decisão irresponsável anunciada pela Petrobras. É o desmonte da indústria nacional que significa o prejuízo para todos os brasileiros”, encerrou. Da Tribuna da Bahia.