Entre a divisa da Bahia com o Pernambuco, cerca de 13 cidades formam uma região de numerosas plantações de cannabis. Nessa região, que foi batizada de Polígono da Maconha, o major Ricardo Passos, comandante do Comando de Policiamento Especializado (Cipe-Chapada), parece ter se conformado ao dizer que é impossível erradicar a droga. “Eu não procuro fantasiar. Controlamos a situação, mas nunca nenhuma polícia vai conseguir exterminar totalmente o plantio de maconha”, declarou Passos. De acordo com o policial militar que já atuou na região do polígono, no município de Curaçá, o plantio legalizado se apresenta como uma fonte de renda para as pessoas da região carente.
“Em áreas como Curaçá os traficantes cooptam os pequenos agricultores para que eles façam o plantio”, contou o major. Quando a PM chega aos plantios e parece que tudo chegará ao fim, uma situação curiosa se sucede. Sem mão de obra para arrancar os pés, a polícia pede ajuda dos agricultores que fizeram a plantação para exterminar o cultivo. “Quem ganhava dinheiro do tráfico para plantar, era contratado pela polícia também para tirar os pés”, levantou a contradição, o major. O comandante não acredita que a liberação do plantio também pode resolver a situação.
“Mesmo com a liberação, há o comércio clandestino. A droga legalizada nunca chegaria a todos os lugares. O maior exemplo é o contrabando, na Bahia, de cigarros paraguaios”, explana Ricardo Passos. O consumo generalizado é outro limitador para a extinção da maconha. Antes visto só como “coisa de preto e pobre da periferia”, o major afirmou que outras classes econômicas também se tornaram consumidoras da substância no estado. “No primeiro dia da Cipe em Ruy Barbosa demos um flagrante na cidade em duas pessoas: uma da área pública e um funcionário da Embasa”, comentou o major. Jornal da Chapada com informações do site Bahia Notícias.