O turismo na região da Chapada Diamantina foi nitidamente afetado, assim como em outras regiões turísticas da Bahia. Postos de combustíveis fechados por falta de gasolina, álcool e diesel já atrapalha a vida dos cidadãos e impossibilita a chegada do turista nas diferentes localidades. O Sindicato do Comércio de Combustíveis, Energias Alternativas e Lojas de Conveniência do Estado (Sindicombustíveis) aponta que não tem mais gasolina ou álcool nos postos de combustíveis da Bahia. Os 2.800 postos da Bahia, no final da tarde desta sexta-feira (25), já estão com estoque praticamente zerado de etanol e gasolina e poucos ainda têm diesel, mas apenas em 5% dos postos em toda a Bahia. Há estabelecimentos fechados por falta de produtos desde o dia 23 de maio, gerando um prejuízo incalculável. Diversos segmentos que dependem do transporte terrestre foram afetados.
“O Governo Federal e o movimento dos caminhoneiros precisam urgentemente chegar a um acordo para que as consequências não sejam mais drásticas ainda, envolvendo a segurança e a saúde da população”, diz nota do Sindicombustíveis. A nota ainda diz que o movimento dos caminhoneiros trouxe a discussão a alta carga tributária dos combustíveis, o que impõe uma solução também para a gasolina, sob pena de outras categorias se mobilizarem trazendo consequências para o abastecimento dos veículos movidos a gasolina e etanol. “O Sindicombustíveis defende a implementação monofásica do ICMS, estabelecendo valor único em dinheiro, chamado ad rem, para cada produto [gasolina, diesel, etanol] em todo o território nacional. Também, junto com Fecombustíveis, pleiteamos zerar a Cide e o PIS/Cofins para o diesel. Para a gasolina, a proposta é zerar a cobrança da Cide e retornar o PIS/Cofins aos mesmos valores cobrados antes do aumento de julho de 2017, pelo governo federal”.
Além dos combustíveis, há relatos da falta de alimentos em determinadas regiões da Bahia. Esse é o resultado dos protestos dos caminhoneiros brasileiros que continuam. Em cidades da Chapada Diamantina, como Tanhaçu, Ituaçu, Barra da Estiva, Ibicoara, Nova Redenção e Piatã, já há notícias da falta de combustíveis para abastecimento dos carros de passeios. Em dois dos postos de Inúbia, distrito de Piatã, a gasolina já havia acabado completamente na última quinta-feira (24) e o outro deve ficar sem ainda nesta sexta (25). Em Nova Redenção, onde fica o tão procurado Poço Azul, nos dois postos da cidade os combustíveis já acabaram. “Foi limitado uma cota de R$ 100 por cliente, e, mesmo assim, hoje [sexta] foi o dia todo de fila”, salienta o secretário municipal de Esportes, Epaminondas Anjos.
Fotos da greve em diferentes regiões do país
Sem os caminhoneiros trabalhando, a população teme também a falta de gás de cozinha e até de alimentos, água e de ter de enfrentar outros problemas como o desabastecimento de caixas-eletrônicos com dinheiro, produtos agrícolas pararam de ser colhidos, além de mexer com toda a rotina do dia a dia das pessoas que utilizam rodoviárias e aeroportos. No município de Itaetê, o prefeito Valdes Brito (PT) aponta que não tem mais combustível na região. Lá o Poço Encantando é um dos atrativos, além de inúmeras cachoeiras e balneários do Rio Paraguaçu.
O turismo também foi afetado. “Isso está horrível. É justo, acho que estava precisando sim dessa mobilização. Mas os transtornos para população estão muito grandes. Também na situação em que o país se encontra, se alguém não se levantar para dar um basta nesses aumentos abusivos, não sei onde iríamos parar”, salienta o gestor. Já no município de Utinga tem álcool, gasolina, diesel e S10 nos postos. O prefeito Joyuson Vieira (PSL) aponta que tudo funciona normalmente na administração. “Não podemos declarar o caos antes da hora. Temos que ser responsáveis e ir ao limite das nossas possibilidades. Não autorizei suspender nenhum serviço público até o momento”.
Em Lençóis, a situação é também complicada e os combustíveis estão no fim. De acordo com informações, se a greve dos caminhoneiros continuar pode até afetar o Festival de Música que acontece na semana que vem na cidade. “Só um posto faltou combustível. Até então está tudo em ordem, mas se essa situação se estender até domingo vai começar a faltar muita coisa por aqui. Aí será um pouco complicado e pode até afetar o festival. O palco já está montado, a preocupação é com os restaurantes e as bandas. Mas acredito que até segunda tudo se normaliza e a gente vá fazer uma festa muito bonita”, salienta um morador da cidade que acompanha de perto a situação.
Governo federal
Devido à resistência dos caminhoneiros em manter a greve, o governo vai acionar as forças de segurança federais para liberar as estradas e as Forças Armadas serão utilizadas para garantir o abastecimento da população. A notícia foi dada nesta sexta (25), em entrevista coletiva no Palácio do Planalto. Para isso, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmman, afirmou que o presidente Michel Temer deverá editar um decreto para permitir a requisição de bens, prevista na Constituição, para que alimentos, combustíveis, medicamentos e insumos cheguem à população, em todo o país. Ele acrescentou que os militares têm o respaldo legal para assumir a direção dos caminhões dos grevistas, se assim necessário.
“O artigo 5, inciso 25 da Constituição Federal permite a requisição de bens, caso se faça necessário, em condições de pilotar veículo para que o desabastecimento seja contido e voltemos a ter distribuição regular”. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, anunciou que houve redução considerável dos bloqueios de estradas em todo o país. Segundo os números apresentados pelo governo, informados pela PRF, das 938 obstruções e interdições de rodovias, 419 já foram liberadas até este momento. Há ainda 519 pontos de interdições, já parciais, segundo o governo. O ministro admitiu que a liberação ocorre com menos velocidade do que o esperado.
Segurança na Bahia
Conforme publicação do site Bahia Notícias, o comandante-geral da Polícia Militar da Bahia (PM-BA), coronel Anselmo Brandão, afirmou que o plano criado pela corporação para evitar desabastecimento de combustível nas viaturas não foi colocado em prática porque o combustível usado nos veículos está sendo adquirido diretamente das refinarias. Brandão disse que a população baiana não deve se preocupar em relação ao policiamento.
“Nós temos reserva de combustível e as viaturas continuarão circulando, tanto na Polícia Militar quanto na Polícia Civil. Todos os serviços essenciais não irão ser afetados. Estamos trazendo o combustível diretamente da refinaria. Os caminhoneiros estão entendendo a necessidade e deixando os carros passarem”, garantiu o comandante. Ainda segundo ele, não há previsão de utilização do plano de contingência, apesar de ele estar pronto. Existem pelo menos 40 pontos de interdição nas rodovias baianas, de acordo com dados mostrados pelo Google Maps.
Jornal da Chapada
Mapa dos bloqueios