A situação não é nada animadora na região da Chapada Diamantina com os oito dias de greve dos caminhoneiros. É que além de faltar combustíveis, a população começa a sentir a escassez de produtos básicos em mercados e as prefeituras dos municípios têm buscado se precaver para que os serviços sejam mantidos. O Jornal da Chapada procurou, nesta terça-feira (28), diferentes administrações para falar do assunto e das decisões que cada cidade vem tomando para conter o uso de combustíveis e economizar para que não tenha que suspender as atividades.
Por unanimidade, todos os gestores são a favor das manifestações, mas lamentam os transtornos causados pela greve nacional, principalmente na questão dos serviços públicos para a população, sem falar no impacto negativo que tem no turismo. Nova Redenção, Andaraí, Itaberaba, Ituaçu, Tanhaçu, Ibicoara, Mucugê, Itaetê, Ibiquera e Utinga, por exemplo, não possuem mais combustíveis como gasolina e álcool, somente diesel em alguns estabelecimentos e para ser utilizado em ambulâncias caso exista uma emergência.
“Estamos com tudo devidamente preparado para manter todos os serviços, inclusive transporte escolar normalmente até a quarta-feira. Nos postos acabaram os combustíveis, mas a prefeitura cuidou de garantir todos os serviços”, salienta o secretário de Educação de Utinga, Guilherme de Cássio. No Sul da Chapada Diamantina, a falta de combustível é geral. Tanhaçu, Ituaçu, Ibicoara e Mucugê, por exemplo, não possuem mais derivados de petróleo.
Em Itaetê, o prefeito Valdes Brito (PT) confirma que não há nenhum combustível nos postos. “Estamos segurando todos os serviços que dependem de combustível. Uma reserva mínima só para as ambulâncias. Suspendemos os serviços como podas das árvores. Mantemos apenas o carro que recolhe o lixo. As aulas seguem, mas os alunos que precisam do transporte escolar, não poderão mais a partir de amanhã [terça-feira, 29 de maio]”.
Confira imagens da manifestação em Itaberaba
O prefeito petista defende o movimento e reconhece a legitimidade dos protestos dos caminhoneiros, mas diz que “é necessário que se tenha bom senso para as questões essenciais, como abastecimento de ambulâncias, viaturas, material hospitalar, remédios, etc… No nosso entendimento, a categoria precisa permitir que haja o transporte de combustível e esses outros itens aos municípios”, frisa Valdes.
Também não há combustível na cidade de Ibiquera para a população, mas a prefeitura, administrada por Ivan Cláudio (MDB), reservou para a frota uma quantidade do insumo. “Até então está tranquilo aqui em Ibiquera. Conseguimos organizar algumas coisas, mas se demorar mais vamos começar a ter problemas”, informa.
No município de Nova Redenção, a situação levou à suspensão de alguns serviços públicos. Não há também combustíveis nos postos e o que tem é para manter as atividades. “Suspendemos as aulas, a merenda escolar era para chegar quinta-feira passada e até hoje não chegou. Ainda resta um pouco de diesel, mas gasolina acabou. Os carros de saúde abastecemos no final de semana, mas já começou a ter emergência, se continuar a ter, não vamos ter combustível aqui, nem em Itaberaba”, aponta o líder político, Ivan Soares.
A prefeita de Nova Redenção, Guilma Soares (PT), declarou ser a favor e também considerou legítimo o pleito dos caminhoneiros. “Dos verdadeiros caminhoneiros sim. Das grandes transportadoras que estão jogando para baixar impostos é complicado. Caminhoneiros autônomos aquele que rala só tem 27%, o resto é para as grandes empresas, transportadoras, cegonhas, entre outros”, completa. Em Andaraí, também não tem combustíveis para a população, apenas para os serviços públicos – que são mantidos arduamente. E se o abastecimento não for resolvido logo, começará a ter problemas, inclusive em áreas como saúde, educação e agricultura.
Já no município de Itaberaba, onde um piquete de manifestantes é mantido, a prefeitura inicia nova fase para conter gastos e manter serviços essenciais. De acordo com informações do prefeito Ricardo Mascarenhas (PSB), por conta da falta de combustível na cidade, a gestão tomou medidas excepcionais como suspender o abastecimento de carros oficiais, priorizando os veículos da Secretaria de Saúde e o abastecimento de ambulâncias, para atendimento no fim da semana. Na Secretaria de Educação, o transporte escolar está suspenso, enquanto a paralisação permanecer.
Abastecimento
Na questão dos combustíveis, a normalização está acontecendo de forma gradativa, pelo que vem informando o presidente do Sindicombustíveis Walter Tannus. Ele diz que um plano de emergência está em andamento para garantir abastecimento mínimo para carros que ofereçam serviços públicos na Bahia. Em Salvador, alguns caminhões já abastecem postos, mas não é o bastante para regularizar, então é possível que a população ainda passe por dificuldades para encontrar gasolina e álcool nesta terça (29). Em entrevista ao site Bahia Notícias, ele avaliou que a greve dos caminhoneiros está perdendo força e a atuação da Polícia Militar tem contribuído para permitir o transporte dos combustíveis.
“A expectativa é positiva, mas tudo é expectativa, porque o movimento grevista às vezes se opõe à passagem dos caminhões”, comentou em entrevista ao site. Walter Tannus aponta que o abastecimento só será normalizado quando a greve efetivamente acabar. Tannus entende que Salvador tem uma posição privilegiada em comparação a outras capitais e que os caminhões com combustível têm chegado na cidade “graças a uma atuação firme da PM”. Por outro lado, no interior do estado, a situação continua crítica. “Para as outras cidades baianas os obstáculos são maiores”, relatou.
Jornal da Chapada
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