Pela primeira vez na história do Brasil um militar assumiu o cargo de ministro da Defesa desde a criação da pasta, em 1999. Isso porque Michel Temer (PMDB) efetivou o general Joaquim Silva e Luna no cargo. Silva e Luna assumiu a Defesa interinamente em fevereiro deste ano, quando substituiu Raul Jungmann, transferido para comandar o novo Ministério Extraordinária da Segurança Pública.
De acordo com informações veiculadas pela imprensa, a decisão de Temer contraria as recomendações de conselheiros e assessores, que não indicavam a nomeação de um militar. Na falta de nomes, porém, optou-se por uma solução interna. A presença do general como ministro será um marco na tentativa de longa data do poder político civil brasileiro de exercer controle sobre as Forças Armadas.
Desde o início, o Ministério da Defesa sempre foi frágil institucionalmente. O primeiro ministro foi o senador Élcio Álvares (PFL), que permaneceu no cargo por apenas seis meses, após cair em meio a escândalos e suspeitas de corrupção. O ex-advogado-geral da União Geraldo Magela da Cruz Quintão foi seu substituto e ficou três anos no cargo graças à política de apaziguamento com os militares imposta por FHC, segundo quem Quintão era uma indicação sua “e vai fazer no ministério da Defesa apenas o que eu quiser.”
Nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva, a pasta continuou a ser sensível, por ser o ponto nevrálgico das relações entre o governo civil e os militares. O diplomata José Viegas Filho foi o primeiro ocupante do ministério na gestão petista e, desde o início, enfrentou resistência do então comandante do Exército, general Francisco Roberto de Albuquerque, que colecionou indisciplinas públicas. Uma disputa entre os dois a respeito da ditadura e do assassinato do jornalista Vladimir Herzog culminou na saída de Viegas da Defesa.
Depois dele, assumiram o posto o então vice-presidente da República, José Alencar, e o ex-governador da Bahia Waldir Pires, que não completaram dois anos no cargo. O controle civil sobre a Defesa só teve algum avanço na gestão de Nelson Jobim, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal. Ele assumiu o posto em 2006, com Lula, e só deixou o cargo no primeiro ano do governo Dilma Rousseff.
Ficou claro, desde então, que o Ministério da Defesa só funcionaria se o ministro fosse uma figura de prestígio com os militares. Celso Amorim ficou três anos e meio no cargo e foi seguido por Jacques Wagner (10 meses) e Aldo Rebelo, cujo mandato foi interrompido pelo impeachment. As informações são de Carta Capital.