As pessoas que tiveram as vidas atingidas pela construção da Barragem de Baraúnas/Vazante realizaram uma marcha e uma audiência pública no município de Boninal, na Chapada Diamantina, na última quarta-feira (24). Eles denunciaram supostas violações dos direitos humanos que estariam sofrendo. A organização do ato foi feita pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Os manifestantes percorreram as ruas da cidade denunciando as ameaças que vêm sofrendo, a judicialização do processo contra os atingidos e as baixas propostas de indenização feita pela empresa.
“Dizem que a gente não produz na terra e que se não saímos da terra vão chamar a Polícia Federal para tirar a gente como se a gente fosse bandido. Aqui não tem bandido, somos trabalhadores”, afirmou Joana Rita. A barragem, que pretende aumentar a disponibilidade hídrica na região, está sendo construída pela Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia (Cerb) e tem impacto nos municípios de Seabra e Boninal. A obra é executada pelo estado da Bahia através Secretaria de Infraestrutura Hídrica (SIHS), em parceria com o Governo Federal, por meio do Ministério da Integração Nacional e está estimada em quase R$ 100 milhões.
A Audiência Pública realizada na Câmara de Vereadores de Boninal foi convocada pelo vereador Zequinha de Oliveira, e teve a participação do deputado estadual Marcelino Galo (PT), membro da comissão de Direitos Humanos e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa da Bahia, de Ana Carolina, da Coordenação de Desenvolvimento Agrário (CDA), de Godofredo Lima, representando da Cerb, do professor Lauro, vereador do município de Seabra e representante da comunidade quilombola da Vazante, atingida pela barragem, além de Moisés Borges e Eripes Ribeiro, do MAB.
“Defendo que haja um diálogo aberto entre as partes, e que a barragem de Baraúnas, que trará benefícios para a população da região da Chapada Diamantina, não seja um entrave para a manutenção dos modos de vida e economia dos pequenos agricultores. Não podemos permitir que crianças, idosos, jovens e famílias inteiras sejam remanejadas para um espaço sem a devida estrutura que necessitam”, afirmou Marcelino Galo.
O ato ainda contou com a solidariedade dos vereadores de Boninal, Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município e organizações parceiras como Sindicato dos Trabalhadores em Água, Saneamento e Meio Ambiente (Sindae) através de Danilo Assunção e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Elisângela Araújo.
“Queremos um processo de negociação coletiva, é inadmissível a Cerb mover uma ação judicial contra duas famílias em uma iniciativa clara de individualizar e criminalizar as negociações. Queremos indenização justa, reassentamento rural como forma de reposição pelos danos causados, assim como garantias de infraestrutura, produção e trabalho, que dê condições de vida adequada para o início de uma nova vida” concluiu Borges. Jornal da Chapada com informações de assessoria.