Uma área de quase 3 mil hectares, o que equivale a três mil campos de futebol, foi consumida pelas chamas no Parque Nacional Boqueirão da Onça, unidade de conservação que abriga cerca de 350 mil hectares de Caatinga distribuídos nos municípios de Sento Sé, Campo Formoso, Sobradinho, Juazeiro e Umburanas, no semiárido baiano. O incêndio destrói há quase uma semana a vegetação de uma área de difícil acesso do parque e, na frente de combate, a operação conta com o reforço de 24 brigadistas dos municípios de Petrolina e Serra Talhada, ambos no Sertão de Pernambuco, contratados pelo Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) do Ibama.
A triste notícia é que ainda não há previsão de as chamas serem contidas, uma vez que são muitos os focos de incêndio a serem combatidos na região. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável por gerir essa unidade protegida, disponibilizou duas aeronaves air tractor que, junto a um helicóptero do Ibama, ajudam no lançamento de água e no monitoramento da situação. De acordo com a coordenadora do Prevfogo Ibama em Pernambuco, Ana Virgínia de Melo, a gravidade do incêndio florestal é intensificada pela geografia da região, repleta de serras, morros e vales, que dificultam o deslocamento das equipes.
Apesar de não saber mensurar quantos litros d’água usados desde o último domingo até o momento, ela afirmou que os aviões têm capacidade para lançar 3,5 mil litros e 1,5 mil litros cada. “Ainda assim, não há como dizer precisamente quando o fogo será extinto, de fato. O fogo está avançando muito”, relatou. Embora as causas do fogo ainda sejam desconhecidas, chamas são comuns em período de estiagem, já que vegetação fica seca. E, com o vento, o alastramento das chamas é inevitável. Em comunicado lançado ontem, por meio de sua página eletrônica, o ICMBio afirmou que mais 12 brigadistas do Grupo Ambientalista do Torto (GAT) e um servidor da Coordenação de Prevenção e Combate a Incêndios (Coin) foram acionados pelo instituto.
No País, esse fragmento de Caatinga serve de refúgio para as últimas populações de onça-pintada, justificativa que motivou o Ministério do Meio Ambiente (MMA) a reconhecer o lugar, em abril deste ano, como unidade de conservação na categoria de parque nacional. Essa classificação de UC, que é de proteção integral, tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e de atividades de educação ambiental, como o ecoturismo. O lugar abriga uma rica biodiversidade animal e vegetal. O ICMBio ainda não sabe a proporção dos danos ambientais, mas é grande o prejuízo, principalmente com a queima da vegetação nativa de Caatinga, terceiro ecossistema mais ameaçado, perdendo para o Cerrado e Mata Atlântica. As informações são de FolhaPE.