O ex-governador do Paraná, Beto Richa, deixou a prisão no início da madrugada deste sábado (15). Ele foi preso na manhã de terça-feira (13) no âmbito da Operação Rádio Patrulha, que investiga o suposto direcionamento de licitação para beneficiar empresários e o pagamento de propina a agentes públicos no Paraná. Na noite de ontem (14), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, decidiu soltar a família e mais 14 acusados que foram presos. Na saída da carceragem, Richa disse à imprensa que está “de cabeça erguida” e que continua respondendo todas as acusações “sem a menor dificuldade”.
“O que fizeram comigo é uma crueldade enorme. Não merecia o que aconteceu. […] Foram dias de extremo sofrimento para mim a toda a minha família”, disse, questionando a credibilidade do delator da operação, “cujo histórico de vida não demonstra nenhuma credibilidade”. “E aí eu pergunto, vale a palavra dele ou vale a minha palavra?”. O ex-governador disse que quer voltar à vida normal e à sua campanha ao Senado.
Prisão provisória
Richa, que é candidato ao Senado nas eleições de outubro, sua esposa e ex-secretária da família, Fernanda Richa, e o seu irmão, José Carlos Richa, o Pepe Richa, estavam detidos provisoriamente no Regimento da Polícia Montada, da Polícia Militar, em Curitiba. Todos deixaram o local nesta madrugada. No pedido de liberdade feito ao STF, os advogados alegaram que não há motivos para a decretação da prisão porque os supostos fatos teriam ocorrido entre 2011 e 2013.
O pedido de liminar foi enviado ao processo no qual o próprio Gilmar Mendes proibiu a condução coercitiva de investigados. Segundo a defesa, a prisão foi decretada em substituição à condução, violando a decisão do ministro, que foi confirmada posteriormente pelo plenário. Na decisão, Mendes disse que a decretação da prisão foi inconstitucional e violou a decisão da Corte sobre a condução coercitiva. Além disso, disse que as prisões temporárias só podem ocorrer quando forem imprescindíveis para as investigações.
Investigação
Em coletiva de imprensa na manhã deste sábado (15), o procurador de Justiça do Paraná, Leonir Batisti, coordenador estadual do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que liderou a Operação Radio Patrulha, disse que o órgão está finalizando as denúncias aos investigados e examinando as hipóteses de recursos no próprio STF contra a soltura dos presos.
Segundo Batisti, o pedido de prisão do ex-governador Beto Richa e dos demais é legítimo pois, em agosto desse ano, em face da investigação, uma possível testemunha foi procurada pelo grupo investigado e pressionada a omitir a verdade caso fosse intimado, para evitar responsabilização. A apuração, nesse caso específico, é sobre o pagamento de cerca de R$ 1,4 milhão em dinheiro na negociação de um conjunto de salas no Edifício Neo Business, em Curitiba. “Quanto à decisão do ministro [Gilmar Mendes, do STF], entendemos que ela não faz justiça aos fatos”, disse.
O coordenador do Gaeco disse ainda que o pedido da defesa do ex-governador foi direcionado especificamente ao ministro Gilmar Mendes, que já havia se manifestado sobre a prisão de candidatos e que “acabou concedendo de ofício uma ordem de habeas corpus tão abrangente que pode até criar problemas em casos extremos”. “Não há, na nossa conduta, qualquer tentativa de perseguição ou de prejuízo, embora fôssemos conscientes da qualidade dos investigados e, portanto, até um possível prejuízo potencial eleitoral”, disse. Da Agência Brasil.