No Ponto de Entrevista dessa semana conversamos com a prefeita do município de Nova Redenção, na Chapada Diamantina, Guilma Soares (PT). Depois de uma eleição de sucesso, a gestora petista elegeu seus candidatos com o maior número de votos da cidade. Ela fala sobre sua atuação política, sobre a ajuda que tem do líder político Ivan Soares, ex-prefeito do município e marido dela. Nessa entrevista descontraída, a única prefeita mulher da região chapadeira fala ainda sobre projetos, gestão, campanha eleitoral e o trabalho de reconstrução do município. Veja como foi o bate-papo!
Jornal da Chapada – Prefeita, como a senhora se sente depois da vitória esmagadora dos seus candidatos nessa eleição de 2018?
Guilma Soares – Nosso grupo se sente gratificado pelo resultado das eleições, mas também por termos cumprindo nosso compromisso de apoiar o que é melhor para o município. Além da expressiva votação para presidente, governador e senador, os deputados por nós apresentados foram bem votados. Vale salientar que foram deputados que já tinham serviços prestados ao município, com recursos de emendas para calçamentos, ambulância, veículos, equipamentos de saúde e outros benefícios que já se encontram empenhados e que chegarão em breve.
JC – Na Bahia, as pessoas se impressionaram com o fato do seu município ter sido, da região da Chapada Diamantina, a menor votação ao candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL). Qual foi a metodologia usada pelo seu grupo na busca dos votos?
GS – Olha, nós já víamos alertando os nossos munícipes da onda de atraso que soprava pelos quatro cantos do Brasil. Falamos do despreparo de Bolsonaro e suas ideias retrógradas, que não precisa nem repetir, mas o alerta maior era chamar a atenção da volta do autoritarismo, dos viés de violência contido no discurso, e fizemos a campanha com a comunidade, principalmente com as mulheres do movimento ‘#EleNão! O povo entendeu e votou com ele os filhotes da ditadura que tem ainda em muitos lugares, os saudosistas da tortura e da falta de liberdade.
JC – E agora, estamos em um segundo turno e a pressão política diminuiu. O seu grupo continua militando em busca do voto para o presidenciável de seu partido ou o povo está liberado para votar em quem quiser?
GS – O segundo turno para nós é de suma importância. Não queremos ver o país mergulhar na incerteza, no autoritarismo. Por isso estamos em alerta, pedindo mais uma vez ao nosso povo para votar no melhor projeto, que tem como representante o ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, pela democracia, pela paz e por conquistas sociais. Não dá para brincar com a democracia, para conquistar a democracia depois de 21 anos de ditadura, muitos deram suas vidas, outros sumiram, foram torturados, vamos buscar o voto no segundo turno em nome da democracia, contra o racismo, a homofobia, pelos direitos plenos das mulheres e, acima de tudo, por um Brasil forte pela via democrática.
JC – Pelos números do pleito, observamos que a senhora sucateou a oposição e outros grupos que vinham pelo mesmo caminho da ex-prefeita. Ao que e a quem a senhora atribui o sucesso nas urnas?
GS – A oposição representa a velha política, abandonaram seus companheiros durante quase dois anos e chegaram no período eleitoral tentando enganar, comprar como sempre fizeram. O povo começou a entender a prática política deles e refutaram. Nossos candidatos, tanto estadual quanto federal tiveram bem mais de mil votos de frente dos candidatos deles. Isso em uma eleição onde só de deputado federal foram 101 votados no município, candidatos que não sabem localizar Nova Redenção nem pelo mapa.
No filtro ganhamos bem. Tal sucesso nas urnas é fruto de um trabalho intenso nesses 20 meses de governo, com resolução de problemas básicos da população, além de tornar o município propositivo nas suas ações. Trabalho duro, isso é dedicado para melhorar a vida do nosso povo, o resultado já prevíamos, pois entendemos que nada supera o trabalho.
JC – Como anda o trabalho de reconstrução do município, prioridade de seu primeiro mandato!?
GS – A reconstrução foi muito complicada, pois encontramos o Nova Redenção com obras paradas, empresas que ganharam a licitação sumidas, recursos de convênios gastos sem a compatibilidade da obra, convênios cancelados, e foi uma luta muito grande para revigorar isso. Perdemos muito tempo para colocar o município apto e nos trilhos. Mas com muita vontade e dedicação repactuamos convênios, recuperamos outros e buscamos novos convênios. O resultado é um canteiro de obras, onde quase toda semana entregamos um benefício à nossa comunidade. Mudamos a cara do município em um ano e meio.
JC – Falando em prioridades, quais as metas para esse terceiro ano de mandato que se aproxima?
GS – Nossas metas é priorizar o abastecimento de água na zona rural, incentivar a agricultura familiar, correr atrás do Museu da Pré-história para colocarmos as réplicas da preguiça gigante e os demais animais pré-históricos encontrados no Poço Azul. Além de melhorar as estradas vicinais e continuar investindo na melhoria da educação e da saúde do município.
JC – É comum os municípios demitirem os funcionários contratados no final do ano para que as contas do exercício fechem dentro da recomendação do TCM? Como está seu município com o índice de pessoal?
GS – O índice de pessoal está controlado, porém precisamos enxugar o quadro diante da crise e da queda de arrecadação. Isso já vamos fazer agora em outubro, fizemos concurso público e nomeamos os aprovados. Agora é adequar a receita às despesas, porque a crise nos pequenos municípios, que vivem só do FPM, é muito dura.
JC – Prefeita, cite as principais conquistas do seu mandato!
GS – Dentre as nossas principais conquistas estão limpar o nome do município, tornando-o apto a celebrar convênios em todas as esferas, reestruturar as manifestações culturais, com a volta do Festival de Música Regional da Chapada Diamantina. Também construímos e colocamos em funcionamento a Cozinha Comunitária – onde mais de 60 pessoas em estado de vulnerabilidade social se alimentam com dignidade diariamente.
Ainda resolvemos o sistema de abastecimento de água da zona rural, onde 14 comunidades recebem regularmente a água do Rio Paraguaçu em suas casas, construímos a ponte sobre o Rio, no Poço do Ajojo, pavimentamos e entregamos nove ruas, algumas em andamento, e fizemos a restruturação das ações sociais.
Trouxemos o cartório de volta para o município, pois se andava 62 quilômetros para autenticar um documento, fizemos um acordo e não deixamos que a agência dos Correios fosse fechada, reestruturamos e reconstruímos a sede do Cras, muro do colégio Rômulo Galvão, com ar condicionado em todas as salas de aula, construção e equipamento da unidade básica de saúde do Loteamento Laranjeiras dentre outras ações.
JC – Diz um ditado popular que por trás de um homem tem sempre uma grande mulher, porém, aqui em Nova Redenção o ditado é o contrário, a senhora é que conta com a ajuda política e administrativa do seu marido, o ex-prefeito Ivan Soares. A pergunta é: Qual o papel de Ivan em seu sucesso político, eleitoral e administrativo?
GS – Ivan Soares é o principal ator desse processo, nossa união e forma de pensar são o que nos guia. Governar um município com poucos recursos não é tarefa fácil, principalmente para quem quer realizar. Ivan e eu gostamos de trabalhar, de buscar ajudar aqueles que mais necessitam das ações públicas. As vezes não é fácil, porque ainda existe quem acha que governo bom é aquele que atende as necessidades individuais. Entretanto, temos implementado políticas coletivas, para atender a maioria das pessoas. Essa é a regra: governar para os mais necessitados. Portanto, com Ivan do meu lado é que buscamos levar o desenvolvimento para Nova Redenção.
JC – Nova Redenção sempre foi um município pacato, de gente ordeira e trabalhadora, entretanto, a área de segurança pública é o ‘Calcanhar de Aquiles’ de todos os municípios da Chapada Diamantina. Quais as ações de sua gestão para garantir segurança aos seus munícipes?
GS – A violência hoje não é mais algo peculiar aos grandes centros urbanos. Nas cidades pequenas, como a nossa, há sinais preocupantes, principalmente em relação às drogas, violência doméstica, contra as mulheres, e nós temos buscado ajudar, ser parceiro do governo estadual, com as polícias Militar e Civil. Criamos a guarda municipal com 10 membros para ajudar nessa empreitada, inclusive em relação ao patrimônio público. Estamos entregando uma delegacia nova construída com recursos próprios, devagarinho construímos, pois a que existia era uma vergonha.
Não havia qualquer condição de funcionamento. A delegacia que será entregue aos nossos munícipes terá sala de audiência, apartamento para o delegado, cozinha, sala de recepção, celas com banheiro, e sanitários individuais, área de sol e sala de armas. É algo grandioso para equipar a segurança do município. Vale salientar que isso nem é responsabilidade do município, pois nesse caso seria responsabilidade do estado, mais a parceria na segurança tem que haver entre estado e o município.
Portanto, em segurança pública temos feito mais do que o nosso dever de casa. Também temos a efetiva vigilância da Polícia Militar, que tem no coronel Walter um guerreiro em defesa da Chapada e de Nova Redenção. E temos quase mil dias sem um homicídio ou um crime de grande porte.
JC – O Jornal da Chapada agradece a sua boa vontade em nos atender. Utilize nossos espaços para seu recado ao povo de Nova Redenção e da Chapada Diamantina.
GS – A dificuldade é grande, os municípios têm penado com as transferências de responsabilidade, queda de arrecadação, mas com garra, dedicação e vontade de trabalhar vamos elevando o patamar de Nova Redenção. Não só internamente, mas também no âmbito regional. Cobraremos dos nossos deputados uma Reforma Tributária justa, para que bolo federal seja dividido com os municípios de forma mais justa. São apenas dois impostos que entram nessa divisão, o Imposto de Renda e o IPI, queremos que as contribuições, que são dezenas, sejam também divididas aos municípios, pois é no município que o cidadão está mais perto.
O cidadão vai na porta do prefeito em busca de socorro, das suas necessidades e o município sucateado será o fim da Federação. Precisamos dos municípios fortes para atender as demandas que cada dia crescem de forma volumosa. Obrigado ao Jornal da Chapada por essa oportunidade, e vamos continuar trabalhando diuturnamente para reconstruir Nova Redenção.
Jornal da Chapada