Somente na Bahia serão 845 médicos que deixarão de atuar na atenção básica com o fim do programa ‘Mais Médicos’. O dado deixou o deputado federal Valmir Assunção (PT-BA) estarrecido, já que por meio desta ação de governo as famílias mais vulneráveis tinham acesso à saúde. “Esses médicos são fundamentais para que as equipes de Saúde da Família possam atuar nos municípios e comunidades mais longínquos do país. Com o fim do programa, virá um efeito ainda pior no setor de saúde com a desassistência e dificuldade da população no acesso aos serviços de forma pública, principalmente de saúde da família”, informa o parlamentar. Para o petista, os 313 municípios baianos com cobertura do programa federal terão os atendimentos reduzidos e milhões de famílias serão afetadas.
“Conforme os dados expressados pelo governo da Bahia, ao menos 2,5 milhões de pessoas não terão mais acesso ao médico de saúde da família. Na Região Metropolitana de Salvador, por exemplo, 12 médicos de sete municípios deixarão de atuar. E ainda temos 52 municípios que têm o Índice de Desenvolvimento Humano [IDH] baixo ou muito baixo que perderão 101 profissionais. Ou seja, idosos, crianças, pessoas com doenças crônicas, queda nos índices de cobertura de vacinação, dificuldade de monitorar endemias, além de gestantes sem pré-natal adequado ficarão sem atendimentos. Isso é um absurdo, o setor de saúde pode entrar em colapso”, frisa.
Para o deputado, o fim do ‘Mais Médicos’ é fruto de um governo que nem iniciou, mas já demonstra total irresponsabilidade e falta de sensibilidade com o povo brasileiro. “Quero deixar minha absoluta solidariedade aos médicos cubanos que foram ofendidos pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, ao governo cubano e à população em situação de vulnerabilidade do Brasil que sofrerá diretamente as consequências”. No Brasil, mais de 1,5 mil municípios não terão nenhum médico e 75% da força de trabalho dos distritos sanitários indígenas deixarão de ter atendimentos.
De acordo com dados do governo, 74% dos brasileiros dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS), direito a saúde garantido pela constituição que já vinha sendo ameaçado pelo congelamento dos recursos por 20 anos pelas Emendas Constitucionais 85 e 95 aprovadas no governo de Michel Temer (MDB). “Sabemos que o presidente golpista inviabilizou as medidas de longo prazo do ‘Mais Médicos’ que podiam garantir que os médicos brasileiros substituíssem os médicos estrangeiros no programa. Mas com a eleição de um governo ultraconservador, a situação piorou de vez e o programa acabou”.