O líder da facção criminosa baiana Bonde do Maluco (BDM), José Francisco Lumes, o Zé de Lessa, comandou do Paraguai a quadrilha que no último domingo (25) roubou R$ 100 milhões do Banco do Brasil, na cidade de Bacabal (MA). A informação é da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA). Segundo a pasta, um dos três assaltantes mortos durante o ataque é Edielson Francisco Lumes, irmão de Zé de Lessa, atingido após sair de um veículo blindado e trocar tiros com a polícia.
Edielson, segundo a polícia, tinha a função de subchefe do grupo e repassava as ordens de Zé de Lessa à quadrilha, composta por entre 30 a 35 homens. Os outros mortos são o paraense Warley dos Reis Souza, o Bombado, e Gean Martins Rocha, do Tocantins. Os três morreram após reação de policiais militares do Grupo de Reação Tática, que ainda buscam o restante da quadrilha em sete cidades, junto com militares do Comando de Operações de Sobrevivência em Área Rural (Cosar).
Buscas em mata
A concentração maior das buscas está sendo numa área de mata entre as cidades de Bacabal e Lago da Pedra, onde a polícia desconfia que haja criminosos escondidos. Na região, são realizadas barreiras e revistas, e aeronaves monitoram vias e acessos. Um popular que havia filmado com o celular a fuga dos bandidos pela ponte da cidade também foi baleado nas costas e morreu. Inicialmente, foi divulgado que ele tinha sido morto pela Polícia Militar, mas a SSP-MA informou que ele foi morto por bandidos.
O local onde estava o dinheiro levado pela quadrilha é um centro de distribuição regional que pertence ao Banco do Brasil e fica anexo à agência. Em nota, o banco informou que “trabalha para recompor as estruturas danificadas”. “As duas agências na cidade passam a operar, temporariamente, apenas com atendimento negocial e sem oferta de numerário”, afirma o comunicado, segundo o qual “o BB colabora com as autoridades policiais para a elucidação do caso”.
Atuação regional
A SSP do Maranhão informou que a quadrilha de Zé de Lessa “possui 80 integrantes e é a maior em assalto a bancos do Nordeste”, com “interligação nos nove estados da região e ramificações no Paraguai, onde vive o líder do grupo”. “Não teremos dificuldade para buscá-lo em ação integrada com Polícia Federal, a Interpol e a polícia daquele país”, declarou o secretário da Segurança Pública maranhense, Jefferson Portela, durante entrevista coletiva nesta terça-feira (27).
Segundo Portela, não é comum essa modalidade de assalto no Maranhão, conhecida como Novo Cangaço, comparado ao bando de Lampião quando as quadrilhas agem com grande violência e terrorismo. Ele disse que as seis grandes quadrilhas que tentaram atacar instituições financeiras no Maranhão com essa modalidade de assalto foram impedidas. “Todos foram presos e os casos solucionados”, lembrou.
Resultado da ação policial, diversas armas e munição de grosso calibre apreendidas e oito pessoas que estavam pegando dinheiro que restou na agência foram detidas por furto, sendo dois deles policiais militares. Um dos policiais é do estado do Piauí, o que levou a polícia a desconfiar da presença dele na cidade. O policial está sendo investigado como informante do grupo criminoso. No total, os bandidos deixaram para trás R$ 3,7 milhões.
Saúde
Líder da facção BDM, que rivaliza na Bahia com a Katiara, Zé de Lessa é o ás de ouros do Baralho do Crime da Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), ferramenta que reúne os principais criminosos do estado. Preso em 2001, ele chegou a cumprir metade da pena de mais de 28 anos de prisão por tráfico de drogas e homicídios, e em 17 de abril de 2014 foi beneficiado com a prisão domiciliar para tratar da saúde – precisava operar punhos e cotovelos.
Ao sair, foi morar na cidade de Coronel Sapucaia, no Mato Grosso do Sul, divisa com o Paraguai, de onde começou a enviar carregamentos de drogas para abastecer sua quadrilha na Bahia. Zé de Lessa lidera um dos cinco grupos criminosos mais atuantes no estado. O BDM, considerado pela polícia como o mais violento, surgiu em 2015 no pavilhão V do Presídio Salvador, no Complexo Penitenciário da Mata Escura.
O grupo nasceu como ramificação da facção Caveira, comandada por Genilson Lima da Silva, o Perna, atualmente preso no Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná. Zé de Lessa, que iniciou sua carreira no crime como assaltante de banco, já foi alvo de diversas operações para prendê-lo. Uma delas, a Operação Sapucaia, realizada em abril de 2016 pela Polícia Federal na Bahia e no Mato Grosso do Sul.
O bandido é apontado pela polícia como o maior distribuidor de drogas da capital e do interior da Bahia, com especialidade em assalto a bancos e a carros-fortes. O dinheiro dos assaltos é usado para capitalizar a quadrilha na compra de armas e mais drogas.
Desde que criou o BDM, o grupo tornou-se o principal rival do grupo criminoso Katiara, comandada por Roceirinho, e passou a disputar pontos de droga com o rival. Nepotista, Zé de Lessa tem os parentes como principais aliados no comando da facção. As informações são de Correio24h.