O volume 17 da nova HQ do Demolidor, pela editora Panini, está objeto de polêmica entre fãs. É que a passagem que ilustra uma manifestação de aclamação ao recém-eleito Wilson Fisk, vilão da história, divide opinião de leitores em fóruns de quadrinhos na internet. Na versão brasileira, alguns dos militantes erguem placas com os dizeres “Fisk mito”, adjetivo usado por eleitores de Jair Bolsonaro para se referir ao presidente. Na publicação original, em inglês, “Fisk rules” (Fisk comanda ou governa) era a frase contida nas placas. Em nota, a Panini, negou que o quadrinho faça referência a algum político brasileiro.
“A editora esclarece que a tradução se apropria do termo ‘mito’ para se referir a alguém que as pessoas admiram, como é o caso do personagem Wilson Fisk”, explica. O tradutor da edição, Paulo França, elucida que usou “mito” para melhor ilustrar a idolatria que os seguidores têm pelo personagem. Diz, ainda, que a utilização de “governa”, na tradução usual, não traria naturalidade à passagem. O enredo da tradução original parece fazer uma associação muito mais clara entre Donald Trump e Fisk. Na série da Netflix, o vilão ataca a imprensa ao se livrar de um processo judicial.
É comum dizer que jornalistas tentam mostrá-lo como um criminoso e, para isso, publicam notícias falsas. Wilson Fisk diz que isso acontece porque ele “desafia o sistema”. No entanto, é o próprio Fisk quem espalha mentiras. Nas HQs, Demolidor conseguiu junto à Suprema Corte que os super-heróis fossem reconhecidos no sistema legal. Mas o vilão quer criminalizá-los. “Impossível não fazer uma associação com a notícia [das fake news] espalhadas por WhatsApp [pela campanha de Bolsonaro]”, diz França. “Vejo paralelos, mas é a minha visão. Eu não coloquei uma alusão direta a nenhum político do Brasil.”
História
Demolidor, versão herói de Matt Murdock, volta para Nova York para exercer a advocacia. Assim que chega, descobre que Wilson Fisk, o Rei do Crime, seu arqui-inimigo, foi eleito prefeito da cidade. Um amigo de Murdock explica ao herói como o vilão foi escolhido governante. “Os outros candidatos eram a mesma coisa de sempre. Fisk parecia diferente. Ele lançou uma candidatura independente, sem filiação partidária, não tinha o rabo preso com ninguém”. Jornal da Chapada com informações do site do jornal O Povo.