Depois que Carlos Bolsonaro, filho do atual presidente da República, tripudiou da possível liberação de Lula para se despedir do irmão falecido Vavá, o twitter oficial do ex-metalúrgico divulgou uma nota de esclarecimento. Carlos Bolsonaro espalhou a informação de que Lula não teria ido a outros velórios de dois irmãos e, por esta razão, não havia sentido liberá-lo agora.
“Quando morreu João Inácio da Silva Neto (2004), Lula foi a um evento e depois, um jantar. Não deu para ir ao enterro. Quando morreu Odair Inácio de Gois (2005), Lula foi a Tabatinga relançar um projeto. Não deu para ir ao enterro. Agora que está preso está doido por um enterro”, informou Carlos Bolsonaro.
Na verdade, Lula tem cerca de 20 meio-irmãos com os quais nunca conviveu, como os dois citados na mensagem disseminada por Carlos Bolsonaro. Os únicos irmãos com quem ele teve convívio são os filhos de Dona Lindú. Vavá, por ser mais velho, era uma figura paterna para Lula.
Nas redes sociais, a internauta Waleska Feitoza usou o seu próprio exemplo para explicar aos que estão maldosamente espalhando essa mensagem:
“Meu pai tem várias filhos por aí (que não são filhos da minha mãe) e alguns deles eu nunca nem vi, outros cheguei a conhecer, mas não tenho contato. São meus meios irmãos. Porém família não é o laço sanguíneo, é o laço de amor, de respeito e união. Eu jamais poderia comparar minha relação com meus irmãos que crescerem comigo ou os que me viram crescer de pertinho com a que pouco tive com os irmãos que mal vi. Deus livre uns desses que não sei nem onde moram morressem, talvez eu não ficasse nem sabendo. E se ficasse só iria se fosse para dar apoio a alguém próximo , porque não veria sentido em me despedir de alguém que nunca esteve em minha vida. Seria hipocrisia”.
Não respeitam nem mesmo o luto. #timeLula pic.twitter.com/BkgeYBzhpl
— Lula (@LulaOficial) 30 de janeiro de 2019
O posicionamento de Carlos Bolsonaro vai na contramão do que expressou o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão. Mourão disse se tratar de uma “questão humanitária” a presença do ex-presidente Lula no velório de seu irmão. Ele lembrou que também perdeu um irmão no passado e que não considera haver problema em uma eventual autorização do Poder Judiciário para que o petista participe da cerimônia fúnebre.
“É uma questão humanitária. Perder um irmão é sempre uma coisa triste. Eu já perdi o meu e sei como é que é”, disse. “Eu acho que se a Justiça considerar que está ok, não vejo problema nenhum”, acrescentou. Genivaldo Inácio da Silva, um dos irmãos mais próximos de Lula, morreu com câncer de pulmão aos 79 anos, em São Paulo, onde estava internado em um hospital desde a semana passada.
Decisões
Depois que Sergio Moro, Carolina Lebbos, Deltan Dallagnol e Leandro Paulsen rejeitaram o pedido da defesa de Lula para se despedir do irmão (saiba mais aqui), os advogados do ex-presidente recorreram ao Supremo Tribunal Federal (STF) ainda na madrugada desta quarta-feira. Dias Toffoli acabou autorizando Lula a sair da prisão (leia aqui), mas a decisão veio tarde demais. Sob protestos, o corpo de Vavá já havia sido sepultado em São Bernardo do Campo.
O que diz a lei
O artigo 120 da Lei de Execução Penal prevê que os condenados poderão obter permissão para sair do estabelecimento onde estão presos, sob escolta, em razão de “falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão”.
Veja o que diz o texto:
Lei de Execução Penal – Lei 7210/84
Art. 120. Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semi-aberto e os presos provisórios poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos:
I – falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão. As informações foram extraídas do site Pragmatismo Político.