Agrônomos, técnicos e demais profissionais da área agrícola ligados a organizações públicas, principalmente da sociedade civil, que atuam no Semiárido baiano, participaram em Juazeiro, de um encontro sobre agroecologia. O evento aconteceu nos dias 14 e 15 de fevereiro no auditório do Serviço Territorial de Apoio à Agricultura Familiar (SETAF) e contou com um total de dez organizações que trabalham com agroecologia e agricultura familiar nas regiões de Juazeiro, Senhor do Bonfim, Jacobina e Capim Grosso.
Temas como sementes crioulas, certificação orgânica, recaatingamento, dentre outros, fizeram parte de encontro promovido pelo Projeto Pró-Semiárido, que implementa ações de cunho produtivo e social junto a famílias rurais dessas regiões. O Pró-Semiárido é executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), órgão da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado da Bahia (SDR), cujos recursos são frutos de acordo de empréstimo contraído pelo Governo da Bahia junto ao Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).
Em todas as temáticas discutidas, foram apresentados planos de trabalho e estratégias de aplicação. Um exemplo foi a abordagem acerca das sementes crioulas, onde um dos expositores do tema, o coordenador do componente Produtivo do Pró-Semiárido, Carlos Henrique Mota, apontou para a necessidade do Pró-Semiárido continuar incentivando as experiências dos bancos e guardiões de sementes, que tanto promovem a agroecologia e a segurança alimentar na região.
Já o agrônomo João Trabuco de Souza, da Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc) destacou a importância do processo de Certificação Orgânica Participativa exposto pelas certificadoras ABC Orgânica e Povos da Mata. “É um processo educativo onde os agricultores se empoderam de conhecimentos para certificar seus próprios produtos. Isso é um avanço para a agricultura familiar”, destacou João.
Darlam da Costa Silva, colaborador do Sasop de Remanso, e que atua com famílias que vivem do extrativismo em áreas de Fundo de Pasto, disse que as ações recaatingamento, apresentadas pelo zootecnista Clérison Belém, colaborador do Irpaa, é de fundamental importância para as famílias que vivem da produção do mel, do umbu e da criação na Caatinga. “O recaatigamento protege às áreas coletivas e traz uma perspectiva de manutenção dos ecossistemas onde as pessoas tiram seu sustento”, disse Darlam destacando a preservação da Caatinga como condição de vida para o povo a partir do uso sustentável dessas áreas.
Um dos momentos de destaques do encontro ocorreu durante a discussão da metodologia “Lume”, utilizadas para estudar e avaliar as ações e impactos do projeto em Unidades de Produção Familiar de base agroecológica. A metodologia e o planejamento de sua aplicação foram apresentadas pelo engenheiro agrônomo Paulo Petersen.
Paulo disse que a metodologia será importante para avaliar as ações e impactos gerados pelo Pró-Semiárido e que estarão disponíveis para as organizações e para as famílias avaliadas. “Precisamos compreender o quanto de recursos e insumos são produzidos pela agricultura familiar e que geram receitas, mas não que transitam nos mercados”, afirmou o agrônomo ao reconhecer o potencial produtivo, ambiental e econômico produzidos pela agroecologia no Semiárido. As informações são de assessoria.