O terceiro Congresso Latino Americano de Ecologia Política segue até esta quarta-feira (20) no Universidade Federal da Bahia (Ufba), em Salvador, com uma programação diversificada. Esse congresso trata do momento turbulento pelo qual passa a América Latina, com a emergência de governos autoritários e neoliberais e a aceleração das políticas extrativistas e de desnacionalização dos recursos naturais. Frente ao giro reacionário, emergem ‘insurgências decoloniais’ e lutas que recompõem horizontes emancipatórios. Além de novas ecologias de resistências que reconfiguram a práxis libertadora. Com sua força crítica, a Ecologia Política Decolonial latino-americana tem sido um paradigma inovador para se resistir ao giro reacionário e fortalecer processos de emancipação e de libertação. A intenção é buscar criar um espaço de encontros e convergências entre pensamento e práticas emancipatórias, entre acadêmicos, movimentos e ativistas.
Umas das palestras do primeiro dia de debates, esta segunda-feira (18), ‘Chico Mendes Vive!’, contou com a presença de Sônia Guajajara, candidata a vice-presidenta na eleição passada na chapa do Psol encabeçada por Guilherme Boulos, a filha de Chico Mendes, Angela Mendes, e moradora de assentamento Claudenice Santos. A palestra pode mostrar o legado que o seringueiro sindicalista deixou, quanto a criação de reservas extrativistas, e a resistência das comunidades tradicionais frente ao ônus das políticas realizadas pelo atual governo. Guajajara tratou, em uma de suas falas, sobre o extermínio histórico do povo indígena e do povo negro e que se mantêm até hoje quando tentam desapropriar culturalmente o seu povo.
“E agora está grave? Está grave e está muito pior, mas quando fomos prioridade para algum governo? Quando que já estivemos na pauta para ser prioridade para qualquer governo? Nós nunca fomos prioridade e agora neste governo não queremos entrar na pauta. Se lutávamos antes para assumir alguma posição de prioridade agora queremos sair da pauta, porque eles estão falando de nós direto, mas estão falando no sentido reverso. Hoje esse projeto de catequização continua muito forte, estão matando nossa cultura porque quando vêm com uma questão moral e religiosa de querer negar para nós os nossos rituais estão, também, cometendo etnocídio. Não mata apenas fisicamente, mas mata quando nos tiram o direito de exercer nossa cultura”, diz a indígena Sônia Guajajara.
O evento acontece entre 18 e 20 de março na Ufba, campus de Ondina, e conta com palestras, oficinas, roda de diálogos, mesas redondas, mostra de cinema e sessões de trabalhos. A série de atividades é organizada pelo grupo de pesquisas Ambientes Indisciplinados, na Ufba junto da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), com apoio do Grupo de Trabalho em Ecologia Política, do CLACSO, e envolve uma rede de colaborações com outras universidades brasileiras (UNILAB, UFABC, UNB, UNIFESP), chilenas (UCN, FAU-UCH) e lideranças de movimentos sociais (MAM, APIB, CNS, CONAQ). Veja a programação do congresso clicando aqui.
Jornal da Chapada