O vídeo de uma menina supostamente se recusando a cumprimentar o presidente Jair Bolsonaro (PSL), que viralizou nas redes sociais na última semana, foi tirado do seu contexto. O vídeo com a cena foi postado pelo próprio presidente em seus canais oficiais nas redes sociais. A filmagem é coberta pelo som do Hino Nacional e não é possível ouvir com clareza o que o presidente conversa com as crianças, que estão estudantes de uma escola pública do Distrito Federal. Depois das especulações em torno do conteúdo, o Planalto divulgou um vídeo acompanhado de legenda onde o presidente pergunta às crianças se elas são palmeirenses. É nesse contexto que a menina faz sinal de negativo para Bolsonaro.
A exposição da menina causou graves ameaças e prejuízos a ela e aos seus familiares. “Minha filha passou o feriado chorando, triste e transtornada”, revelou a mãe, que teme as consequências psicológicas da exposição. A fake news foi disseminada tanto por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro como por opositores do atual mandatário. Enquanto os primeiros rechaçaram a menina e a ameaçaram, os segundos a enalteceram. “Fico muito triste porque as pessoas estão falando mal de mim, que sou mal-educada. Tenho medo de ir à escola”, disse a estudante de oito anos em entrevista ao site Metrópoles.
Para o jornalista e cientista social Matheus Pichonelli, o caso expõe uma sucessão de erros graves em um país atolado em notícias falsas. “O caso é didático sobre nosso embrutecimento em uma época de análises, acusações, julgamentos e condenações precipitadas a partir de fragmentos, e não de fatos”, observa o jornalista. “Ainda que a garota de fato tivesse se negado a estender a mão para o presidente, ninguém tinha o direito de usar sua imagem para expressar e confirmar a própria opinião. O alerta sobre a exposição indevida deveria valer também para quem usa criança como plataforma política para mostrar prestígio e humanidade entre beijos e abraços forçados”, concluiu. Jornal da Chapada com informações do site Pragmatismo Político.