De fevereiro de 2018 a março de 2019, o ICMBio atuou em 30 ocorrências de incêndios florestais dentro e no entorno do Parque Nacional da Chapada Diamantina (PNCD). Desse total, 13 foram dentro da unidade de conservação e atingiram quase seis mil hectares, o que corresponde a 4% da área do parque. Comparado à temporada de 2017 foi registrado um aumento, já que naquele ano apenas 0,07% do território foi atingido. Apesar disso, “os dados atuais permanecem dentro da média histórica”, afirmou o gerente do fogo do PNCD, Luiz Coslope.
O Parque Nacional gastou R$252 mil em combate e prevenção e atuou em todos os combates da temporada dentro da unidade com o apoio fundamental de brigadas voluntárias em 11 ocorrências. “Os voluntários são pessoas muito comprometidas, experientes e com conhecimento da serra, o que é essencial para um combate eficiente”, destaca. Luiz Coslope atribui o resultado de 2018 a dois incêndios que juntos consumiram quase cinco mil hectares perimetrados por imagem de satélite.
O primeiro ocorreu no Gerais do Rio Preto, região sudoeste do Vale do Capão, quando o parque estava sem a brigada contratada e foi necessário solicitar reforço de fora; “além disso, foi um incêndio que já iniciou grande, através de satélite e idas em campo foi verificado que vários pontos foram incendiados de uma só vez”.
O outro ocorreu na região da Chapadinha, no sul do parque, que sozinho atingiu 3.363 hectares. O foco começou fora da unidade e foi avistado do mirante, porém “apenas o trajeto de carro para chegar ao local leva em torno de oito horas, assim o fogo se alastrou, atingindo a zona intangível do parque que estava sem queimar há 20 anos”, o que significa muita biomassa e maior dificuldade para debelar o fogo.
Ações integradas
Além dos combates, para diminuir os incêndios florestais são necessárias uma série de ações em diversas áreas desenvolvidas ao longo do ano, como conscientização, monitoramento e investigação. Em 2018, uma importante ação realizada foi a retirada de muares e equinos das áreas queimadas para a recuperação da vegetação. Segundo Coslope, “há indícios que alguns incêndios foram causados para a renovação de pastagem para criação desses animais”.
Também foi realizada a autuação do responsável pelo incêndio da região da Chapadinha, o maior da temporada, e contratado pela primeira vez um esquadrão de brigadistas durante 12 meses, o que possibilitou a manutenção do sistema de mirantes durante todo período crítico e a realização de rondas na serra e em áreas queimadas para verificar quem se beneficia do fogo.
Outro avanço foi a implantação, ainda parcial, do sistema de rádio que irá atender toda Chapada Diamantina. Neste momento, já estão funcionando três repetidoras que cobrem as regiões sul, centro e oeste do parque. Para 2019, além dessas ações, a gestão do PNCD irá reforçar as medidas preventivas através da realização de aceiros negros – técnica que consiste em retirar uma faixa da vegetação em áreas estratégicas, por meio de queima controlada, para impedir a propagação das chamas. As informações são do Parque Nacional da Chapada Diamantina.