Os moradores da cidade de Barão de Cocais, em Minas Gerais, foram convocados para participar, no próximo sábado (18), de um simulado de evacuação, que será realizado pela Vale, dona da mina Gongo Soco, em conjunto com a Defesa Civil. Uma barragem da mina, localizada a cerca de 10 km da cidade, está com risco iminente de rompimento.
“As pessoas estão em alerta, mas nada de pânico”, diz o vice-prefeito do município de 28 mil habitantes. “Considerando outros (episódios de) rompimento de barragens, o material chegaria no centro de Barão de Cocais em uma hora e meia. Seria tempo suficiente para as pessoas serem avisadas e orientadas”, disse Lourival Ramos, pelo telefone, à BBC News Brasil.
Foi a própria Vale que informou órgãos públicos, no início desta semana, sobre o risco de ruptura da Barragem Sul Superior da mina nos próximos dias, se mantida a velocidade de deformação de um talude (terreno inclinado, natural ou artificialmente) próximo à barragem, que poderia gerar o rompimento. A Vale estipulou que o acidente poderia ocorrer entre 19 e 25 de maio.
Para Ramos, os órgãos públicos, a população e a empresa estão preparados para um eventual acidente. Ele diz que não deixará a cidade nos próximos dias, mas, como precaução, preparou com a família uma bolsa com itens essenciais, como produtos de higiene e roupas.
Desde que a empresa notificou o Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) sobre este risco, a população de Barão de Cocais está apreensiva. “O medo está nos olhos das pessoas. Muitas famílias estão deixando a cidade e indo para Santa Bárbara e outras cidades próximas”, relata Fernando Batista, de 38 anos, ele próprio trabalhador do setor da mineração, mas em outra empresa.
Alerta
A apreensão relatada por Fernando, porém, não é de hoje. Cerca de 500 moradores dos distritos de Piteiras, Socorro, Tabuleiro e Vila do Gongo, parte de Barão de Cocais e mais próximos à barragem, foram evacuados às pressas de casa na madrugada de 8 de fevereiro, duas semanas após o rompimento de uma barragem da Vale em Brumadinho, que matou 240 pessoas.
Segundo o vice-prefeito, hoje os distritos de Piteiras, Socorro, Tabuleiro e Vila do Gongo estão vazios e cerca de 160 famílias estão vivendo em hotéis e casas alugadas pela Vale. “Socorro era um distrito com bastante gente, comércio, uma igreja católica visitada por muitos turistas. Hoje, está tudo parado”, lembra. Jornal da Chapada com informações do Portal Terra.