O documentário ‘Zeferinas – Guerreiras da Vida’ está revelando aos espectadores a história de Zeferina, uma escrava que viveu em Salvador no século XIX e lutava por liberdade. De origem angolana, Zeferina foi trazida ainda criança para o Brasil nos braços de sua mãe Amália, direto para Salvador. Escrava, sofrendo com as atrocidades que a escravidão lhe impunha e com personalidade transgressora, segundo a historiadora Sílvia Barbosa, ela queria ser livre.
Zeferina fundou o Quilombo do Urubu e se tornou uma importante personagem das insurreições negras na Bahia da época. Valente, ela organizou índios, escravos fugidos e libertos, em geral, que queriam a libertação para todos os negros na província do Salvador. Segundo o historiador Walter Passos, “uma mulher que conseguiu unificar, em pleno século XIX, homens e mulheres”.
Com grandes ambições, sabia que o quilombo que era um princípio libertador, poderia ruir e viu a necessidade de se unir com os nagôs para invadir a cidade e matar os brancos escravocratas para enfim construir uma liberdade plena para todo o povo negro. Embora em desvantagem, ela e sua tropa não desistiram da luta. Presa, Zeferina continuou altiva e fiel aos seus objetivos.
Para a atriz baiana Edvana Carvalho, que interpreta Zeferina nas passagens históricas do documentário, a importância do filme vai além da mudança estrutural na vida das mulheres da comunidade. “É necessário que haja registros das mulheres negras que lutaram nesse país. Essa luta não é de agora. Nós precisamos disso: de representatividade. Precisamos nos ver e estar nas telas e em todos lugares”, disse.
Documentário
O documentário Zeferinas – Guerreiras da Vida traz a história da Guerreira Zeferina, contada em imagens e relatos, misturada à história de superação de quatro mulheres que viveram na antiga Cidade de Plástico, hoje moradoras do conjunto habitacional que leva o nome da líder quilombola que lutou pela liberdade no Subúrbio Ferroviário no século XIX. O média-metragem busca sempre o elo dessas mulheres com a Zeferina guerreira do passado.
“Fazemos um contexto histórico tanto com a Cidade de Plástico como com a guerreira das lutas de 1826, os capitães do mato, os quilombolas e o batalhão Pirajá voltando para dizimar e prender Zeferina. Tudo isso é mostrado no filme”, afirma o diretor. O documentário, com cerca de 25 minutos, está disponível na internet em zeferinas.com.br. Jornal da Chapada com informações do G1BA.
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