As mensagens do procurador do Ministério Público Federal (MPF), Deltan Dallagnol, divulgadas pela colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo, mostram que ele disse, em outubro de 2018, a colegas da Lava Jato que era preciso acelerar ações contra Jaques Wagner (PT), que tinha acabado de se eleger senador pela Bahia e tomaria posse em fevereiro. Deltan afirmou que valeria fazer busca e apreensão sobre o petista “por questão simbólica”. Em uma das conversas, o chefe da Lava Jato pergunta: “Caros, Jaques Wagner evoluiu? É agora ou nunca… Temos alguma chance?”.
Um procurador identificado como Athayde (provavelmente Athayde Ribeiro Costa) responde: “As primeiras quebras em face dele não foram deferidas”. Mas novos fatos surgiram e eles iriam “pedir reconsideração”. “Isso é urgentíssimo. Tipo agora ou nunca kkkkk”, escreve Deltan. Athayde diz que “isso não impactará o foro”. Deltan responde: “Não impactará, mas só podemos fazer BAs [operações de busca e apreensão] nele antes [da posse]”.
Logo, uma procuradora pondera que Wagner já tinha sido alvo de um mandado de busca e apreensão. “Nem sei se vale outra”. Deltan responde: “Acho que se tivermos coisa pra denúncia, vale outra BA até, por questão simbólica”. E completa: “Mas temos que ter um caso forte”. Athayde informa que seria “mais fácil” Wagner aparecer “forte” em outro caso, e Deltan finaliza: “Isso seria bom demais”. Em nota enviada à coluna, a Lava Jato informou que “o material não permite constatar o contexto e a veracidade do conteúdo”.
Rui defende Wagner
Na manhã do último sábado (29), o governador Rui Costa comentou, por meio das redes sociais, os diálogos entre o procurador Deltan Dallagnol e colegas da Lava Jato sobre o senador e ex-governador da Bahia Jaques Wagner. Classificadas por Rui como um “atentado contra o estado de Direito e a Democracia”, as conversas foram divulgadas pelo site Intercept Brasil.
“Deltan Dallagnol escolhe como alvo o senador Jaques Wagner para uma busca e apreensão por uma questão simbólica, dias antes da eleição. Nada de justiça. É um crime contra a democracia e o estado de Direito”, afirma o governador.
Rui destaca ainda que “este tipo de atitude é tão perversa quanto a ditadura. A sociedade apoia investigação séria para combater a corrupção, mas não apoia um judiciário e um MP em formato de partido político com feições nazistas numa perseguição cruel aos seus alvos escolhidos por conveniência ou para se construir uma ‘questão simbólica’. Muito triste”. Jornal da Chapada com informações do Bahia Notícias e de assessoria.