O ministro da Justiça, Sergio Moro, foi aplaudido de pé ao entrar no palco do evento Expert XP, feira anual de três dias realizado pela XP Investimentos, em São Paulo, na manhã desta sexta-feira (5). O público do evento, no Transamerica Expo Center, chega a 8 mil pessoas. Na abertura do evento, na quinta-feira (4), um dos destaques foi outro ministro, Paulo Guedes, da Economia. Entre os mais de 100 palestrantes do evento, focado em investimentos, está o nadador americano Michael Phelps e Ben Bernanke, ex-presidente do banco central americano, o Fed. O site Brazil Journal batizou o evento de “uma espécie de Lollapalooza do mercado financeiro”.
Moro, ironizou e fez piada ao responder uma pergunta feita pelo público que questionava o motivo dele não liberar as mensagens do Telegram para investigação da Polícia Federal. Ele repetiu a justificativa de que não as tem mais o celular, que teria sido invadido, e falou “tem que pedir para o hacker”. “Meu celular foi hackeado e o hacker se apropriou do aplicativo Telegram no meu lugar, até gerando situações jocosas, com ele interagindo com pessoas fingindo que sou eu. Tem que pedir para o hacker, então”, disse em tom irônico no Expert XP 2019, tirando risos de parte do público.
O ministro foi aplaudido poucas horas depois de a revista Veja ir às bancas com uma nova leva de revelações sobre mensagens trocadas entre ele e a força tarefa da Lava-Jato. Os supostos diálogos, desta vez, mostram que Moro, então juiz, era contra a delação do ex-deputado federal Eduardo Cunha (MDB). “Espero que não procedam”, teria escrito em uma das mensagens enviadas pelo ex-juiz a Deltan Dallagnol. A reportagem também mostra que Moro teria orientado procuradores a anexar provas para fortalecer a acusação. As conversas fazem parte de uma reportagem de VEJA em parceria com o site The Intercept Brasil.
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No palco do Expert XP, Moro chamou a atenção da plateia por confirmar que Jair Bolsonaro tentará a reeleição em 2022, mas também por não negar que ele mesmo pode ser candidato nas próximas eleições. Sobre a troca de mensagens com os procuradores, voltou a dizer que não dá para confirmar sua legitimidade. Para a plateia de investidores que pagaram a partir de 1.500 reais pelo ingresso, os aplausos a Moro se justificam pelo bom momento do mercado acionário. Investidores têm preferido ignorar a onda de denúncias contra o ministro da Justiça e o constrangimento político causado por elas e focar a reforma da Previdência.
Na última quinta, a comissão especial da reforma encaminhou o projeto para votação em Plenário na Câmara, na semana que vem. A perspectiva de votação antes do recesso parlamentar, que começa na sexta-feira, levou o índice Ibovespa a bater seu recorde histórico, com 103.653 pontos. Nesta sexta-feira, o índice estava em queda de 0,6% até as 12h, em 102.991 pontos. No primeiro semestre o Ibovespa subiu 14,8%, estimulado pela perspectiva de aprovação da Previdência.
Em uma transmissão online antes do evento, Luciano Hang, presidente da varejista Havan, vestido com terno verde e gravata amarela, cumprimentou Moro e afirmou que “o Brasil todo te ama” e que ele é “o grande herói deste país”. Hang diz ainda que “a economia vai andar, assim como a reforma da previdência”. Hang ainda subiu ao palco do evento com um “bom dia pessoal” efusivo. Neste contexto em que Moro e a Previdência se misturam, para os investidores é melhor que o ministro mantenha a aura de intocável — apesar da gravidade das revelações. Com informações da Revista Exame e da Revista Fórum.
Estou no Expert 2019 da XP, em São Paulo, e encontrei nosso Ministro Sérgio Moro. Tenho cada vez mais certeza que estamos no caminho certo. Moro é um herói vivo nacional, que salvou o nosso país. Estamos juntos! ✌🏼 pic.twitter.com/wiVeGUgR7p
— Luciano Hang (@luciano_hang) 5 de julho de 2019
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