Após quase um mês de verificação das demandas do Parque Sempre Viva, realizada no último dia 26 de junho, o prefeito de Mucugê, cidade da Chapada Diamantina, Manoel Luz (PSD), se comprometeu, por meio do ofício 069/2019, do dia 16 de julho, em implantar as solicitações feitas no documento em até 120 dias. Inclusive essa visita foi feita em uma parceria entre a gestão municipal, o Conselho Municipal de Turismo (Comtur) e a Associação Comercial e Turística de Mucugê (ACTM). O relatório feito a partir dessa visita ao local afirma que o parque precisa de cuidados diversos, principalmente na forma de administrar o equipamento público.
Segundo o documento, dentre os problemas encontrados estão a falta de controle eficaz nos fluxos de caixa tanto do ingresso no parque, como na loja que vende artesanatos no local, melhoria e aumento do número de vagas do estacionamento e percursos autoguiado pelos turistas, por exemplo (confira aqui o relatório completo). As imagens colhidas em junho mostram que os tíquetes não têm numeração e que as vendas são anotadas à mão. O secretário municipal de Turismo, Euvaldo Ribeiro Júnior, afirmou em conversa com o Jornal da Chapada que esses fatos tinham sido corrigidos, e que nos enviaria e-mails com a comprovação da regularização, mas até o fechamento desta matéria não tinha retornado contato, como nos disse que faria.
“O controle de entrada acontece diariamente com ticket numerado com canhoto, temos todo controle disso. Até porque se fosse assim o Ministério Público já tinha fechado o parque e ele tem mais de 21 anos funcionando”, disse. No entanto, o secretário de Administração e Finanças, Júnior Douglas Aparecido, afirmou o contrário à nossa equipe de reportagem. Segundo ele, nada foi modificado ainda, e não há mesmo numeração nos canhotos, apesar do processo de resolução das demandas já ter sido iniciado.
“Esse controle da entrada, por exemplo, vai ser feito via sistema. Vão ser implementadas catracas e um processo digitalizado, como em estádios futebol. No sistema será tudo automatizado e checável, inclusive online. Vamos ter condições de checagem com papel físico também”, afirmou Douglas. O secretário disse ainda que as obras que precisam ser feitas não devem passar de R$10 mil e que não será algo difícil de concluir, apesar dos trâmites burocráticos necessários.
Vale lembrar que os valores arrecadados pelo parque, do valor dos ingressos, por exemplo, vão para um fundo municipal e que essa falta de organização leva também à desorganização financeira para a gestão municipal, uma vez que não se sabe realmente quanto entrou e quanto saiu de verba. “Esse fundo foi criado por decreto e o secretário Júnior Douglas está querendo organizar tudo isso, até porque é dinheiro público que precisa ser cuidado”, disse o presidente da ACTM, Fred Matt.
“Júnior idealizou a organização, nos perguntou sobre controle e respondemos que não sabíamos como estava. Quando fomos lá e vimos, não tinha organização, as compras estavam sendo feitas sem nota fiscal, a venda de ingresso sem controle, nem catraca”, afirmou Matt. E, para ele, é importante não apenas zelar pelo dinheiro público. “A gente tem que prestar para população”, pontuou. “Essa falta de controle já vem de várias gestões. Nunca teve um controle, nunca a gente participou de vistoria, como essa que foi feita agora. Essa foi a primeira vez”, afirmou Fred.
Imagens mostram algumas das irregularidades apresentadas em relatório
O presidente da ACTM disse também que os empresários e o trade turístico gostaria que o processo de requalificação do local fosse mais rápido. No entanto, resolver as questões é algo mais importante. “Esse é um ponto importante porque nunca tivemos nenhuma gestão pública que dissesse que iria resolver. No entendimento da associação essas soluções teriam que ser mais rápidas, mas nos foi colocado que existe toda uma parte burocrática e, por isso, é mais devagar. Aceitamos e vamos esperar as mudanças”, disse Matt.
A presidente da Comtur, Ana Luísa Pimentel, disse ao Jornal da Chapada que realmente o Parque Sempre Viva nunca teve um controle efetivo, desde sua criação. “Nós solicitávamos prestação de contas e nunca conseguíamos”, afirmou. De acordo com sua análise a situação tem mudado com a atual gestão. “Agora o prefeito [Manoel Luz] respondeu favoravelmente e pediu o prazo para cumprir a demanda. Nós acreditamos que ele tem interesse em resolver essa situação”, contou Ana Luísa.
Segundo ela, o relato sobre toda a situação do local foi feito ao prefeito. “Ele entendeu, tanto que acatou tudo, não se opôs a nada e se comprometeu por meio de documento oficial. Para mim isso é uma coisa positiva, estamos trabalhando certo e o conselho está acreditando que ele vai mudar isso”, finalizou.
Por Adalício Neto / Jornal da Chapada