O procurador Deltan Dallagnol incentivou outros procuradores de Brasília e Curitiba a investigar sigilosamente o ministro Dias Toffoli em 2016, é o que demostram mensagens da ‘#VazaJato’. Na época, o atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) estava visto como adversário que poderia frear a Operação Lava Jato. As informações foram publicadas em reportagem do jornal Folha de S.Paulo nesta quinta-feira (1º) feita em parceria com o site The Intercept, que teve acesso ao arquivo de mensagens de autoridades relacionadas à Lava Jato.
Pelos diálogos, Deltan buscou informações pessoais sobre as finanças de Toffoli e sua mulher, Roberta Rangel, além de evidências que o aproximassem de empreiteiras envolvidas em corrupções na Petrobras. O procurador teria ainda recorrido à Receita Federal para buscar informações sobre o escritório de advocacia de Roberta Rangel, e fez levantamentos sobre uma casa de Toffoli em Brasília que foi reformada pela OAS.
A Constituição determina que ministros do STF não podem ser investigados por procuradores da 1ª Instância, como Deltan e outros integrantes da Lava Jato. No caso de Toffoli, a investigação caberia ao procurador-geral da República, que atuaria em nome do Ministério Público Federal, se tivesse autorização.
O procurador indica saber da limitação jurídica, mesmo assim, dá prosseguimento em investigações junto à força-tarefa. Em uma conversa com Eduardo Pelella, chefe de gabinete do então procurador-geral, Rodrigo Janot, Deltan pede o endereço da casa reformada Toffoli e afirma: “sei que o competente é o PGR rs, mas talvez possa contribuir com Vcs com alguma informação, acessando umas fontes.”
Além de Toffoli, as mensagens obtidas mostram que Deltan usou a delação do ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, para tentar barrar a indicação de 1 ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins, para uma vaga aberta no STF com a morte de Teori Zavascki em 2017. Sobre o caso, Deltan escreveu ao assessor de Janot: “É importante o PGR levar ao Temer a questão do Humberto Martins, que é mencionado na OAS como recebendo propina”. “Deixa com nós”, foi a resposta de Pelella a mensagem.
Ao jornal, a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba afirmou que é seu dever encaminhar à PGR (Procuradoria-Geral da República) informações sobre autoridades com direito a foro especial no STF sempre que as recebe, e que isso tem sido feito de forma legal. Jornal da Chapada com informações do site Poder 360.