Homenageado da quarta edição da Feira Literária de Mucugê (Fligê), o poeta baiano Castro Alves estará presente em todos os espaços. Vai ocupar as ruas e as casas, os becos e praças da cidade histórica, fazendo a população da Chapada Diamantina e visitantes mergulharem na obra e na vida do poeta abolicionista. Desde a abertura, na próxima quinta (15), até o último ato da programação, no domingo (18), Castro Alves passeará de diferentes formas, pela Fligê. “Estamos vivendo tempos de caravanas e navios negreiros que reinterpretam as diásporas e distopias pela representação das imagens da pessoa e a natureza, da pessoa e a sociedade, da pessoa e o amor da obra de Castro Alves. Essa tríade que orientou a formatação do programa geral da Fligê neste ano”, afirma a curadora Ester Figueiredo.
Na quinta-feira, Castro Alves será tema da conferência de Edvard Passos, trazendo a crítica do poeta para os dias de hoje, buscando compreender os atuais processos de exclusão social e os futuros desafios da população negra e periférica. Na mesma noite, Jackson Costa dá voz a poemas de Castro Alves e de outros autores em ‘Sarau do Poeta’. Nas mesas de conversa, que acontecem no dia seguinte no Centro Cultural de Mucugê, Castro Alves permanece como norte. Jamile Borges e Wesley Correia falarão sobre o afrofuturismo e o devir negro, trazendo à discussão temas como ancestralidade, utopias e o futuro da literatura negra. A atual produção literária baiana e as influências exercidas pelo homenageado serão o mote da conversa com Saulo Dourado, Edvard Passos e Adelice Souza.
Castro Alves também aparece na Fligêzinha e na FligêCine: é personagem principal do livro infantojuvenil ‘Cecéu, o poeta do céu’, de Adelice Souza, que será apresentado às crianças em forma de teatro; e também do filme de Silvio Tendler, ‘Castro Alves – o retrato do poeta’, uma ficção com situações de documentário, que recupera a atuação do escritor nas lutas pela proclamação da república e a abolição da escravatura. Um outro espetáculo teatral coloca em cena um texto de Castro Alves, na Praça dos Garimpeiros. ‘A prole dos Saturnos’ é uma obra dramática rara e inconclusa do escritor, que será apresentada pela primeira vez no interior da Bahia, com a direção de Edvard Passos, que montou o espetáculo até então inédito em 2015. A apresentação será no sábado (17), às 19h30.
Imagens das edições anteriores da Fligê
Na Praça do Coreto, o homenageado será reverenciado por uma videoinstalação intitulada ‘Castro Alves – a praça é do povo’, como um convite ao público para uma experiência sensorial, em que o popular coreto se transforma na proa de um navio e o negro, protagonista, instaura o lugar de fala e a ancestralidade daqueles que foram a inspiração eu-lírica das obras ‘Espumas Flutuantes’ (1870) e ‘Os Escravos’ (1883). Na Casa ConVerso, a exposição da Fundação Hansen Bahia apresenta as gravuras do artista alemão que representou ‘O navio negreiro’, um encontro da imagem com os versos, da xilogravura com as letras.
E, durante a Fligê&TU, a poesia castroalviana pulsará com a participação de alunos da rede municipal e de mulheres de Igatu, guiando a programação da Galeria Arte & Memória. Para além disso, o poeta irá ressoar por Mucugê por meio das vozes de estudantes da cidade que, envolvidos pelo projeto pedagógico da Fligê, escreveram seus próprios versos, inspirados pelos versos de Castro Alves e realizarão recitais e apresentações ao longo da programação. No domingo (18), um outro grupo, também formado por estudantes e moradores locais, realizará a leitura do texto da dramaturga Cleise Mendes, ‘Castro Alves’, como produto da oficina de teatro, dirigida por Sérgio Farias. Jornal da Chapada com informações de assessoria.