O premiado curta-metragem ‘Kbela’, da cineasta Yasmin Thayná, depois de rodar o Brasil e o mundo em mostras e festivais de cinema, chega até Lençóis, na Chapada Diamantina, para marcar o encerramento da edição 2019 do Cineclube Fruto do Mato. A sessão acontece nesta terça-feira (10), às 19h, no Teatro de Arena, centro da cidade, e vai contar com a presença da diretora do filme. A iniciativa tem apoio do edital Rumos Itaú Cultural 2017-2018. O filme aborda questões relacionadas ao racismo, especialmente àquele vivido pelas mulheres negras, de maneira poética e performática, uma vez que realiza um exercício subjetivo de empoderamento feminino.
Em contraponto à indústria cinematográfica e televisiva, que sempre retratou mulheres negras com cabelos alisados, o curta-metragem traz a representação dessas mulheres valorizando os cabelos crespos, uma das principais características afro-brasileiras que na obra é engrandecida e exaltada. Com isso, as personagens se conectam com sua ancestralidade, transcendem o “embranquecimento” e superam os obstáculos do machismo e racismo para narrar suas próprias histórias. O curta-metragem ‘Kbela’ foi selecionado em 2017 para o Festival Internacional de Cinema de Roterdã (IFFR) e premiado no Festival Curta Brasília, Festival de Cinema Vitória, Goiana Mostra Curtas e no MOV – Festival Internacional de Cinema Universitário de Pernambuco.
Também marcou presença no Festival Panafricano de Cinema e Televisão de Ouagadougou (FESPACO), em Burkina Faso, o maior do continente africano, e foi honrado com um prêmio da Academia Africana de Cinema (AMAA). O roteiro do filme é baseado no conto da ‘MC_Kbela’, que narra a história de uma menina negra, moradora da Baixada Fluminense, que passou por um processo de ‘embranquecimento’ durante a sua vida e decidiu se libertar disso, deixando o cabelo natural crescer de novo, se livrando das interferências químicas. O conto da MC K_bela foi publicado pela editora Aeroplano e adaptado para o teatro. O Cineclube Fruto do Mato, projeto de cinema ao ar livre que está em sua terceira edição, este ano privilegiou as narrativas de mulheres negras no audiovisual.
Foram dezenas de filmes de ficção e documentários, em sessões mensais, com temáticas relacionadas às questões raciais, de gênero e voltadas para o público LGBTQ. Um dos maiores editais privados de financiamento de projetos culturais do país, o Programa Rumos, é realizado pelo Itaú Cultural desde 1997, fomentando a produção artística e cultural brasileira. A iniciativa recebeu mais de 64,6 mil inscrições desde a sua primeira edição, vindos de todos os estados do país e do exterior. Destes, foram contempladas mais de 1,4 mil propostas nas cinco regiões brasileiras, que receberam o apoio do instituto para o desenvolvimento dos projetos selecionados nas mais diversas áreas de expressão ou de pesquisa.
Os trabalhos resultantes da seleção de todas as edições foram vistos por mais de 6 milhões de pessoas em todo o país. Além disso, mais de mil emissoras de rádio e televisão parceiras divulgaram os trabalhos selecionados. Nesta edição de 2017-2018, os 12.616 projetos inscritos foram examinados, em uma primeira fase seletiva, por uma comissão composta por 40 avaliadores contratados pelo instituto entre as mais diversas áreas de atuação e regiões do país. Em seguida, passaram por um profundo processo de avaliação e análise por uma Comissão de Seleção multidisciplinar, formada por 21 profissionais que se inter-relacionam com a cultura brasileira, incluindo gestores da própria instituição. Foram selecionados 109 projetos, contemplando todos os estados brasileiros. As informações são de assessoria.