Um dos responsáveis pela elaboração do discurso do presidente Jair Bolsonaro na ONU, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, afirmou que a repercussão ruim entre os adversários é sinal que o discurso foi muito bom. Em entrevista exclusiva ao jornal O Globo, Heleno disse ainda que a ONU é que deve ficar constrangida por ter apoiado o programa Mais Médicos, alvo de Bolsonaro em seu pronunciamento.
Como o senhor avalia a imagem do Brasil após o discurso do presidente Bolsonaro na ONU?
O discurso atingiu todos os objetivos, correspondeu a todas as expectativas. Foi um discurso enérgico, educado, muito cordial e colocando alguns pontos que o Brasil tem sido atacado por seus adversários, que precisavam ser esclarecidos. Colocou as perspectivas do futuro do Brasil, mostrou que estamos dispostos a ser um país diferente do que fomos até agora. Acho que a repercussão vai ser muito boa. Também a repercussão com os nossos adversários, sendo ruim, é sinal que o discurso foi muito bom.
O presidente criticou a ONU sobre o apoio ao programa Mais Médicos, o que ele comparou ao trabalho escravo? Isso não causa um constrangimento do Brasil junto às Nações Unidas?
Nós, junto das Nações Unidas, não. Deveria causar constrangimento às Nações Unidas de apoiar uma iniciativa perversa, uma iniciativa em que médicos — ou médicos entre aspas — são escravizados num trabalho sem sentido, onde o país de onde eles são originários ganha muito, que é Cuba, e eles ganham muito pouco e ficam longe da família. A ONU é que não deveria se prestar a apoiar um trabalho deste tipo. O presidente disse não apontaria o dedo a ninguém em seu discurso. Embora ele não tenha citado textualmente o presidente francês, Emmanuel Macron, e a chanceler alemã, Angela Merkel, ele fez referências aos dois… A carapuça está aí para quem quiser enfiar na cabeça. A carapuça está à disposição do freguês.
O Brasil não teme um desconforto internacional depois deste posicionamento?
Não. O Brasil está defendendo a soberania na Amazônia brasileira, está assumindo um compromisso que não é de agora, o presidente sempre teve esse discurso, de que vai explorar a Amazônia de forma sustentável para o proveito do povo brasileiro. Não temos por que abrirmos mão das nossas riquezas em prol de falácias, de mentiras em relação ao meio ambiente. Os números são todos a nosso favor. Essa história que a Amazônia está em chamas é ridícula.
O secretário-geral da ONU falou da perseguição aos defensores dos direitos humanos, ativistas do meio ambiental e a jornalistas. O discurso do presidente Bolsonaro não contrasta com a declaração dele?
Tem gente que já está cansada daquela frase que ele volta e meia diz que é bíblica, mas eu acho que isso daí tem sempre que ser lembrado. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. As informações são do O Globo.