Os brasileiros confiam cada vez menos nas instituições e acreditam que a corrupção aumentou no último ano. Apesar disso, a maioria da população crê que pessoas comuns podem fazer a diferença na luta contra a corrupção. É o que aponta o Barômetro Global da Corrupção: América Latina e Caribe, da Transparência Internacional, divulgado na última segunda-feira (23).
O estudo foi realizado com mais de 17 mil pessoas em 18 países da América entre janeiro e maio deste ano e avaliou a percepção da população latino-americana sobre a corrupção em seus países ao longo do ano de 2018. No Brasil, foram ouvidas mil pessoas pelo Instituto Ipsos.
Para 54% dos brasileiros, a sensação de corrupção aumentou. Tal dado refere-se ao último ano de mandato do governo de Michel Temer (MDB), que, de acordo com o Datafolha, chegou ao fim com nota média de avaliação de 3,4 e com a corrupção sendo o aspecto mais lembrado pela população. O Brasil ocupa a sexta colocação neste quesito, que é liderado pela Venezuela (87%).
A esmagadora maioria dos brasileiros (90%) crê que a corrupção no âmbito governamental é um grande problema para o país. Para 48% dos entrevistados, contudo, o governo está fazendo um bom trabalho no combate à corrupção – há empate técnico com a resposta oposta, escolhida por 46% (a margem de erro é de 2,8 pontos percentuais). Apesar da igualdade técnica, há uma reversão na tendência, já que em 2017, 56% dos brasileiros afirmaram que o governo fazia um trabalho de combate à corrupção ruim (ante 35% de pessoas satisfeitas).
O alto índice cidadãos do país que creem na corrupção generalizada na política coexiste com a alta porcentagem daqueles que acreditam no papel de transformação dos cidadãos comuns – para 82% dos entrevistados, estas pessoas podem efetivamente fazer a diferença na luta contra a corrupção.
Instituições
O estudo mostra que o nível de desconfiança aumentou com todas as instituições avaliadas. A maioria avalia como corrupto: o Congresso (63% dos entrevistados), os governos locais (62%), o Presidente (57%), o Poder Executivo (54%), os banqueiros (53%), os executivos (50%), a polícia (38%), as ONGs (36%), o Poder Judiciário (34%), os líderes religiosos (31%) e os jornalistas (23%).
A taxa de suborno também foi medida pela pesquisa e apontou que 11% dos brasileiros realizaram a prática pelo menos uma vez ao longo de 2018. O maior índice refere-se ao pagamento de propina à policiais (12%) – os países que lideram esta estatística são Venezuela (62%) e México (52%).
Também foi medido o percentual de pessoas que receberam ofertas de propina em troca de votos (40%), bem como o índice de extorsão sexual (20%) – este último dado mostra a alta prevalência de uma das formas mais significativas de corrupção baseada em gênero no Brasil e ocorre algum funcionário do Estado oferece um benefício público em troca de favores. No âmbito geral, 71% dos latino-americanos acreditam que a extorsão sexual ocorre pelo menos ocasionalmente.
O Barômetro Global da Corrupção ainda apontou uma elevada porcentagem entre os brasileiros (82%) que acreditam ter existido o uso de “informações falsas ou notícias falsas sendo disseminadas para influenciar os resultados das votações”. As informações são do site Bahia.ba.