Investimentos em tecnologia, mas sobretudo uma atuação sustentável, foram as soluções dos agricultores do Agropolo Mucugê-Ibicoara, na Chapada Diamantina, para transformar os 200 mil hectares de terra em que vivem em um dos pólos agrícolas mais produtivos do país. O baixo volume de chuvas e as condicionantes ambientais, por estarem ao lado do Parque Nacional da Chapada Diamantina (PNCD), foram dificuldades já superadas.
Cercado pelo bioma da caatinga emerge um oásis no centro da Bahia. Por lá se vê café, batata, tomates, morangos, mirtilos e uvas para a produção de vinhos. Tudo produzido com o que há de melhor em tecnologia e com padrões de qualidade e de produtividade compatíveis com as mais bem desenvolvidas lavouras do planeta.
O diretor-executivo do Agropolo, Evilásio Fraga, contou que houve um verdadeiro processo de seleção natural, não na fauna e na flora da região, mas entre os proprietários de terra. “Nós, produtores da Chapada Diamantina, entendemos que fomos desafiados a produzir alimentos para o Brasil e para o mundo com a responsabilidade social e ambiental que a sociedade tanto exige”, afirmou.
O Agropolo Mucugê-Ibicoara está em uma área que tem um micro-clima subtropical de altitude. A mais de mil metros acima do nível do mar, os produtores encontraram o solo ideal para a produção de culturas incomuns por aqui.
Muitos dos produtores que iniciaram o Agropolo deixaram a atividade.
“O mercado age na atividade econômica como a natureza faz com os seres vivos. Só se perpetuam aqueles que se adaptam ao ambiente. No nosso caso, ao sistema produtivo”, destaca. Os produtores que tiveram perseverança, resiliência e que não desistiram com as dificuldades são os que conseguem colher os frutos após 30 anos.
Inovação e tecnologia
A utilização de técnicas novas na agricultura sempre teve papel decisivo para o futuro da humanidade. Desde o uso de ferramentas mais rudimentares como a enxada, o arado a tração animal ou a clássica irrigação por alagamento, cujo mais expressivo exemplo é o Egito, novas técnicas ajudaram a fundar impérios. “A absorção de tecnologias que permitam o aumento da produção de alimentos é o que permite o aumento populacional”, destaca.
Em um cenário onde a única certeza é a despesa, Evilásio Fraga destacou que o investimento constante em novas tecnologias é uma exigência para sobreviver. No início, a produção era de milho e café, mas hoje as lavouras dividem espaços com produtos de alto valor agregado. “Já que a gente não tem uma área territorial extensa, como o Oeste, buscamos agregar valor à nossa produção, com produtos mais caros e verticalizando a produção”, disse.
Ele citou como exemplos as indústrias para o processamento de batatas, torrefação de café e o investimento na produção de vinhos. “Isso ocorre em todos os tamanhos de produtores, desde aqueles que possuem uma área maior, até entre os pequenos produtores”, contou.
“Temos pequenos produtores de café que estão torrando o seu café, porque entenderam que esta é a maneira de agregar valor”, apontou. O resultado do trabalho é que atualmente 55% da batata consumida na região Nordeste brasileiro sai do Agropolo. Isso tudo em uma área correspondente a 5% da área de batata plantada no Brasil. Jornal da Chapada com informações do site Correio 24h.