“Uma pessoa com HIV, além de ser um problema sério para ela, é uma despesa para todos aqui no Brasil”. A fala é do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido), que foi questionada por profissionais de saúde, ativistas e por políticos, como o deputado estadual baiano Marcelinho Veiga (PSB). Nesta sexta-feira (7), o parlamentar repudiou a fala e pediu garantia dos direitos das pessoas com HIV/Aids. “São declarações equivocadas de quem não conhece os dados do país que governa. O estado tem o dever de cuidar dessas pessoas. E política de abstinência sexual anunciada por ministra não vai reduz taxas de infecções pelo HIV. Com certeza não vai ser com preconceito e ignorância que daremos respostas eficazes a essa epidemia”.
Marcelinho Veiga ainda frisa que no final de janeiro, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para revogar a regra trabalhista que proíbe a demissão de pessoas que vivem com HIV. “Era nisso que o presidente deveria focar, mas prefere fazer declarações espúrias para enganar o povo”, destaca. A Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (ABIA) emitiu nota descaracterizando o programa de abstinência sexual idealizado pela ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, junto com o Ministério da Saúde. “A principal lição em 40 anos de enfrentamento à Aids nos ensinou, sem qualquer dúvida, que o peso de estigma e discriminação na resposta social é a maior barreira ao controle da epidemia”.
O deputado do PSB ainda diz que tanto a fala de Bolsonaro quanto a ação no STF acabam reforçando o estigma, o preconceito e a discriminação contra as pessoas que vivem com HIV/Aids no Brasil. Utilizando dados da nota da ABIA, Marcelinho completa dizendo que “quando o presidente da República fala que as pessoas vivendo com HIV causam prejuízo à sociedade, ele autoriza tacitamente o estigma, a discriminação e a violação dos seus direitos humanos”. Para Veiga, “Bolsonaro tem realizado um desserviço ao país por comandar um governo federal que não reconhece os direitos humanos. Ele ataca doentes, quilombolas, indígenas, fala mal de ativistas, de sindicatos e de movimentos sociais, é uma vergonha”. As informações são de assessoria.