Envolvida no plantio de maconha em 2011, a Fazenda Queimadas de Itiano, no município de Cafarnaum, na Chapada Norte, foi reocupada por cerca de 60 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na última semana. O ato de reocupação aconteceu no último dia 26 de fevereiro. De acordo com o MST, no ano de 2011 foram apreendidos e incinerados mais de 10 mil pés de maconha em três fazendas próximas, sendo que cinco toneladas e 170 quilos já ensacados foram encontrados na fazenda em questão. Ao menos 20 pessoas trabalhavam no plantio e colheita da erva. O MST exige que a terra seja desapropriada e destinada às famílias acampadas na área.
“Pouco tempo após a área ter sido embargada pela polícia, famílias ligadas ao MST ocuparam o local que, em posse do governo, poderia ser destinada à reforma agrária. Os agricultores permaneceram na área até uma reintegração de posse que ocorreu seis anos após a ocupação. Passados três anos do despejo no último dia do carnaval, cerca 60 famílias sem-terras reocuparam a fazenda”, aponta texto divulgado pelo Coletivo de Comunicação do MST na Bahia, na Página do MST na internet.
O MST lembra que a Constituição Federal aponta que as propriedades rurais e urbanas de qualquer região do país onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo devem ser expropriadas e destinadas à reforma agrária e aos programas de habitação popular. Isso sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
“Após ser embargada pela plantação de maconha, a Fazenda Queimadas de Itiano não estava exercendo sua tarefa social de geração de renda e trabalho. As famílias que reocuparam a fazenda tem a missão de fazer a terra exercer sua função social e ressignificar a terra que antes servia para contrapor a lei e que, a partir de agora, vai gerar alimentos saudáveis e vida digna para o povo do campo”, reforça a matéria do coletivo.
O texto traz ainda a declaração do dirigente regional do MST, Abraão Brito. Ele frisa que a luta pela terra significa trazer de volta os sonhos de várias famílias. “A terra é a esperança de um futuro digno e uma vida livre, quando ocupamos estamos dizendo ao povo que a esperança permanece viva, e que não é proibido sonhar. A terra é a liberdade desse sistema opressor que só quer afundar cada vez mais a classe trabalhadora, ao contrário a terra, mantém nossa utopia acesa e nosso horizonte cada vez mais palpável”, conclui Brito.
Jornal da Chapada