A Polícia Civil do Rio informou neste domingo que abriu inquérito para apurar as circunstâncias da morte do administrador Jorge José González Seba, ocorrida há quatro dias com suspeitas de coronavírus no Hospital Rio Mar, na Barra da Tijuca. González deixou áudios em que acusou o hospital de abandoná-lo por medo de contaminação.
De acordo com a polícia, familiares de González, que era capitão reformado do Exército e cônsul honorário do Suriname no Rio, serão ouvidos durante as investigações, que estão em andamento pela 16ª (Barra da Tijuca). Numa das gravações feitas na UTI, o administrador disse que médicos e enfermeiros evitavam se aproximar dele por medo de contrair o vírus.
“Me deixaram aqui sem informação, isolado, como se fosse um bicho. Eu me esgoelo, eu grito, eu chamo as pessoas, ninguém atende. Tenho dificuldade até para urinar”, desabafou. González contou que permaneceu mais de 48 horas abandonado no leito, sem limpeza e troca de fraldas.
“Tive que implorar um dia inteiro para que alguém pudesse trazer um copo para eu beber água”, afirmou. “Nunca pensei que num hospital desse porte eu pudesse ser tratado desta maneira”. O paciente disse compreender o medo de médicos e enfermeiros, mas reclamou de falta de respeito.
A família pretende processar o hospital por negligência e omissão de socorro. Pertencente à Rede D’Or, o hospital Rio Mar, informou, em nota, que abriu inquérito administrativo para apurar responsabilidades no atendimento e adotar as medidas cabíveis. As informações são do jornal O Globo.