O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, nesta quinta-feira (2), que pode assinar um decreto para afrouxar o isolamento social nos estados. Segundo ele, pode-se ampliar o número de profissões que voltarão a atuar normalmente durante a quarentena. Ele também pediu aos governadores que “revissem suas posições” no combate ao novo coronavírus. “Eu tenho um decreto pronto para assinar na minha frente, se eu quiser assinar, considerando ampliar as categorias que são indispensáveis para a economia. Eu, como chefe de Estado, tenho que decidir. Se chegar o momento, vou assinar a MP. Tem ameaça de todo lugar se eu assinar essa medida”, disse, em entrevista a rádio Jovem Pan, na noite desta quinta-feira.
“Eu apelo aos governadores e prefeitos que revejam as suas posições”. Questionado sobre o motivo de não ter ainda assinado o decreto para reabrir o comércio, Bolsonaro respondeu que “um presidente pode muito, mas não pode tudo”, e que está “esperando o povo pedir mais”. “Nós temos ali gente poderosa em Brasília que espera um tropeção meu. Eu estou esperando o povo pedir mais. O que eu tenho de base de apoio são alguns parlamentares, não são maioria, mas o povo está do meu lado. Tem que ser responsável. O que muitos governadores mais querem é que eu tome a decisão para trazer o problema para o meu colo, e se tiver alguma morte, me crucificar. Na semana que vem, se não voltar o comércio, eu vou ter que tomar uma decisão. Seja o que o povo quiser”.
Bolsonaro voltou a alimentar a batalha com os governadores, em especial o de São Paulo, João Doria (PSDB), e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). Afirmou que os governadores fazem um “trabalho irresponsável” e sugeriu que agem com motivações políticas para tirá-lo do cargo. “Primeiro, com todo o respeito aos governadores, vocês estão muito mal de porta-voz. Ele porta-voz que vocês elegeram aí é muito ruim em todos os aspectos, vocês sabem quem é. Faz demagogia barata o tempo todo, que é o [governador] de São Paulo. Agora não venha esse porta-voz de discursinho barato, ginasial, falando que o governo tem dinheiro, que tem a Casa Moeda para rodar. Se rodar a moeda, vem a inflação. Nós não queremos o caos no Brasil”. Em seguida, partiu para cima de Witzel. Bolsonaro criticou recentes declarações do governador pedindo que a população não saísse às ruas.
“Agora, não podem alguns governadores, como o do Rio de Janeiro, na televisão falando: Fiquem em casa, é uma ordem. Está pensando que é o quê? É ditadura esse negócio aqui, pô? Não é dessa forma que devemos tratar a população”. O presidente do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde (Conass), Alberto Beltrame, afirmou que um eventual decreto determinando o retorno das atividades em escala, que produzem aglomeração, é medida que “não se cumpre”. “Um decreto determinando qualquer situação que contrarie a proteção à saúde das pessoas é absurdo. E ordem absurda não se cumpre”, diz Beltrame.
Ele ressaltou o apoio dos gestores locais ao ministro Mandetta e à equipe do Ministério da Saúde que conduzem a crise com base em evidências científicas e orientações internacionais. Para ele, Mandetta precisará manter a serenidade que vem demostrando, sem sua avaliação: “Mesmo diante de diversas desautorizações públicas, Mandetta permanece conduzindo os processos complexos diante de uma emergência de saúde internacional com serenidade e responsabilidade”. As informações foram extraídas na íntegra do site do jornal O Globo.