O deputado federal e ex-ministro da Cidadania Osmar Terra (MDB-RS) é o parlamentar que mais difundiu desinformação sobre o novo coronavírus no Twitter desde que a pandemia chegou ao Brasil, segundo levantamento do Radar Aos Fatos. Osmar Terra tem aparecido na bolsa de apostas para substituir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, cuja demissão é dada como certa pelo próprio partido, em função de divergências com o presidente Jair Bolsonaro.
Assim como Bolsonaro, Terra também é crítico às medidas de isolamento social, orientação recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e defende o uso da hidroxicloroquina no combate ao novo coronavírus, mesmo sem eficácia científica reconhecida.
A análise considerou os 1.500 tweets sobre o assunto com mais interações (ou seja, retweets e curtidas) publicados por deputados e senadores entre 20 de fevereiro e 8 de abril. No total, foram encontradas 159 postagens com desinformação veiculadas por 22 parlamentares e que somavam cerca de 1,58 milhão de interações no período.
Terra foi responsável por 38 desses posts (23,9%) e 522.485 dessas interações (32,9%). Vale lembrar que o Twitter aplicou uma sanção a um post de Terra que contrariava as orientações sanitárias, na qual ele dizia que a quarentena aumenta o número de casos do coronavírus.
Ao Congresso em Foco, o deputado afirmou, por meio de sua assessoria, que “desinformacão é informação que a mídia não gosta ou não concorda.” Chama atenção a politização da discussão, com 19 dos 22 parlamentares que publicaram tweets com desinformação sendo da base do governo Bolsonaro (de partidos como PSL, PSC, Republicanos, Podemos, PSD e MDB).
Oposição também desinforma
Entre a oposição, aparecem no levantamento três deputados do PT: Margarida Salomão (MG), Paulo Pimenta (RS) e Bohn Gass (RS). Duas peças de desinformação tiveram engajamento relevante: a de que Cuba havia desenvolvido uma vacina para o novo coronavírus – o que não aconteceu –, e a de que o presidente americano Donald Trump seria sócio de uma fabricante de hidroxicloroquina. Os conteúdos enganosos foram compartilhados pelos deputados petistas.
Desinformação
No levantamento do Aos Fatos, foram classificadas como desinformação as publicações falsas – como as que afirmam que a eficácia da cloroquina já é comprovada – e também posts que descontextualizam uma informação verdadeira – por exemplo, que comemoram a cura de um paciente que tomou cloroquina, mas não explicam que o medicamento ainda está em fase de testes. As informações são do Congresso em Foco.