*Por Joy de Utinga
Indecisão, duplo comando, sinais trocados ou qualquer outra alcunha que se queira utilizar para adjetivar um desgoverno. A dubiedade caracteriza o que há de pior na avaliação de qualquer administrador que se preze. A Nicarágua, a Belarus e Turcomenistão, três ditaduras ridículas, estão, nesse particular, bem melhor que o Brasil. Ao menos lá, certo ou errado, decidiram. Os seus povos não brigam entre si, mas seguem um norte que, tomara, mesmo que por piedade divina, salvem-se.
Aqui, a única Democracia do mundo que se mostra negacionista, pior que a ignorância, é a ausência de norte, o atrito, o caminho conflitante a que se expõem os brasileiros. Hospitais exaurindo, carros frigoríficos aproximando-se, valas sendo preparadas e parte da população em passeatas e desfiles de carros a seguir o seu presidente, enquanto a outra banda, segue a bater panelas, enclausurados em suas casas, seguindo o que preconizava o ministro demitido e outro admitido (ambos médicos) que pregam a ciência.
Um presidente que desde o primeiro caso de Covid-19 em 26/02/2020, verbalizou a liberalidade, mas não decretou o que queria, apesar de ter ao seu dispor o instrumento Medida Provisória. Dois ministros, que mesmo discordando e pregando a ciência, não se demitiram diante do conflito com o seu superior hierárquico. Este, como se fora oposição, se punha a desfilar rebeldia contra seus próprios subordinados.
Agora, quem pode não manda, quem tem juízo não obedece e mais de 200 milhões de pessoas, estão em uma nave à deriva implorando pela nacionalidade de Deus e pelo seu patriotismo. Resta-nos a crença de que Deus seja mesmo brasileiro, nordestino, e, muito mais patriota que todos nós! Estamos isolados no mundo, todos em um barco de nome G-4 da Covid-19 sob a sorte dos comandantes de Brasil, Nicarágua, Belarus e Turcomenistão.
Todos, inclusive os ateus a gritar: Meu Deus!
*Joy de Utinga é natural do povoado de Amparo (Zuca), que é dividido entre os municípios de Ruy Barbosa e Boa Vista do Tupim. Ele é casado, técnico em contabilidade, graduado em Administração, ex-servidor concursado do Ministério da Saúde e Baneb, aposentado pelo Banco do Brasil e prefeito de Utinga.