Por Eduardo Tito*
“Somos ondas do mesmo mar, folhas da mesma árvore, flores do mesmo jardim”. Com esta frase, a empresa Xiaomi enviou dezenas de milhares de máscaras para o Departamento de Proteção Civil italiano para ajudar no combate ao novo coronavírus. A Itália atingiu a triste marca de 222 mil casos confirmados de contágio e mais de 31 mil mortes. Na quarta-feira (13), o Brasil alcançou a 6ª posição mundial na lista dos países com o maior número de contaminados e mortos pela covid-19, com o triste número de 179 mil casos confirmados e 12 mil mortes.
Mesmo com números alarmantes, o presidente da República, Jair Bolsonaro, insiste em conduzir o governo federal a menosprezar o potencial de contágio e letalidade do vírus. A situação só não está pior graças às ações dos governadores e prefeitos que se isolaram do discurso negacionista do chefe da nação e estão tentando combater a Covid-19, mesmo com um sistema de saúde já fragilizado e sem o necessário apoio do Poder Central.
De mãos dadas
Na Bahia o governador Rui Costa (PT) e o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), deram-se as mãos para tentar evitar o avanço de contágio do vírus. Em tempos normais, Costa, um possível candidato à Presidência em 2022, e ACM Neto, seu forte opositor e provável candidato à cadeira de governador em 2022, esqueceram as duras batalhas que travam constantemente pelo eleitorado baiano e caminham unidos no combate à pandemia.
O estado da Bahia registrou, até segunda-feira (12), mais de 6 mil casos confirmados de Covid-19 e 225 óbitos em 180 municípios com registros de contaminação. A capital baiana já ultrapassou mais de 4 mil casos confirmados com 145 mortes. Em todo estado, 643 profissionais da saúde foram confirmados pela Covid-19.
Enquanto Bolsonaro não se entende com a forma correta do uso da máscara de proteção, nem com seu novo ministro da Saúde, Nelson Teich, assim como fez com o antecessor, Henrique Mandetta, Rui Costa e ACM Neto estão se alinhando cada vez mais, mesmo com ações individualizadas para combater o avanço do vírus.
O processo eleitoral de 2020, que vai eleger novos prefeitos e vereadores, ainda é uma incerteza. A única certeza do momento é que o vírus é real, com alta taxa de contágio e letalidade, e que a humanidade precisa, neste momento, de todos os esforços possíveis de petistas, democratas, comunistas e liberais para salvar o maior número possível de vidas.
Mau aluno
A única ação efetiva de Bolsonaro é a insistência em atacar ferozmente o trabalho da imprensa, criticar os gestores estaduais e municipais, defender o isolamento vertical sem apresentar um planejamento para tal, defender abertamente o uso da cloroquina, mesmo quando a Organização Mundial da Saúde pede cautela na aplicação do medicamento, e não apresenta ações efetivas para combater a doença.
Bolsonaro insiste em seu discurso negacionista do vírus para salvar a economia brasileira de um colapso. O que o presidente não entende é que, com a economia mundial à beira do colapso, a brasileira, com ou sem covid-19, também entra em colapso. A economia nacional é totalmente dependente da internacional. E o cenário mundial está focado em combater o vírus para, em segundo plano, salvar a economia.
Se o brasileiro precisava de alguma prova para crer que políticos de todas as ideologias poderiam se unir pelo bem do povo, a união do governador baiano e do prefeito soteropolitano prova que este sonho pode ser realidade. Rui e Neto, como dois bons baianos, caminham pelos corredores dos seus gabinetes refletindo: “Salvador, Bahia, território africano baiano sou eu, é você, somos nós uma voz, um tambor”, preocupados com a situação econômica do estado e da capital, mas acima de tudo, preocupados com a crítica situação da saúde pública dos cidadãos.
Ambos estão preocupados em salvar o maior número de vidas, para depois, com o apoio dessas pessoas vivas, recuperar a economia baiana e conquistar, mais uma vez, nas urnas, o voto e o apoio dos baianos. Brevemente podemos dizer: “Que beleza! A Bahia, nossa terra mãe, tem bons precedentes”. Que Bolsonaro aprenda a lição, mesmo já tendo demonstrado ser um péssimo aluno!
*Eduardo Tito é jornalista do Pátria Latina